Rui Veloso cantou um dia que alguém queria perceber os pássaros e voar como o Jardel entre os centrais. O avançado brasileiro, que quando inspirou o cantor português vestia ainda de azul e branco, mudou-se depois para Lisboa e para Alvalade e ficou também no imaginário do Sporting campeão em 2001/02. Jardel voava como muito poucos entre centrais, laterais, médios e guarda-redes. Mas hoje em dia, não nas Antas em que Rui Veloso viu o brasileiro mas no Dragão em que o FC Porto mora agora, existe um português que bem podia inspirar outra canção de um qualquer cantor atento ao futebol.

Danilo Pereira, que esta terça-feira em Braga foi capitão do FC Porto, voltou a marcar e garantiu aos dragões a acalmia e a tranquilidade nos últimos 15 minutos de uma partida em que foram sempre inferiores. O médio português, que marcou pela segunda vez esta temporada no que diz respeito a clubes — já que tem de se acrescentar a estas contas o grande golo que marcou ao serviço da Seleção Nacional, contra a Sérvia –, leva 16 golos desde que chegou ao FC Porto, em 2015/16. Desses, 11 foram marcados de cabeça.

O médio português foi um dos poucos que resistiu à revolução que Sérgio Conceição fez para a segunda visita a Braga em quatro dias — o treinador dos dragões mudou sete jogadores em relação ao último encontro — e voltou a ser o compasso de uma equipa que esteve muito abaixo dos níveis habituais. Danilo, que com 27 anos demonstra em campo uma maturidade muito acima da data de nascimento que traz no documento de identificação, foi o melhor de um FC Porto apático e pouco enérgico, claramente à espera do final do jogo e da celebração do apuramento para a final.

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Chegou ao Dragão há quatro anos, subiu de suplente utilizado a titular indiscutível e capitão. Danilo, que voa entre os centrais que nem Jardel, resolve jogos com passes, transições, movimentações sem bola e golos. Atormentado pelas lesões e depois de superar uma já esta temporada, é um dos nomes maiores do FC Porto das últimas épocas e um líder tímido e discreto que não precisa de ser protagonista para ser fulcral.