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Sérgio, o diplomata sem experiência mas com especialidade em relações externas (a crónica do Sp. Braga-FC Porto)

Este artigo tem mais de 5 anos

O FC Porto não jogou bem e empatou em Braga mas o resultado chegou para estar no Jamor (1-1). Sérgio Conceição, que ontem teve um conflito diplomático, foi um especialista em relações externas.

O treinador do FC Porto chega à final da Taça de Portugal pela segunda vez na carreira
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O treinador do FC Porto chega à final da Taça de Portugal pela segunda vez na carreira

LUSA

O treinador do FC Porto chega à final da Taça de Portugal pela segunda vez na carreira

LUSA

Sérgio Conceição é pouco dado a meias palavras. Na verdade, foi exatamente pelas palavras inteiras que o treinador do FC Porto foi esta terça-feira punido com oito dias de suspensão que o vão afastar do banco no jogo da próxima sexta-feira com o Boavista. As palavras de Sérgio, que não se coíbe nas emoções, nos elogios que acha que deve entregar e até nos recados, como aquele que deixou aos adeptos no passado sábado, são a representação natural e transparente daquilo que passa pela cabeça do treinador. Seja mais ou menos simpático, mais ou menos politicamente correto. Sérgio, enquanto diplomata, não seria exímio.

Ainda assim, esta segunda-feira, o treinador dos dragões foi obrigado a um exercício de pergunta-resposta que mais parecia um conflito diplomático. Depois de Francisco Seixas da Costa, antigo secretário de Estado dos Assuntos Europeus, o ter insultado nas redes sociais, Sérgio Conceição defendeu-se da única forma que sabe: com honestidade. “Quer queiram quer não, o futebol é muito importante. Depois temos de meter na balança quem são os fala-barato e os verdadeiros embaixadores. É estranho toda esta publicidade à volta desta pessoa. Se calhar percebo mais das relações bilaterais entre Portugal e França do que esse senhor de futebol”, atirou o técnico na conferência de imprensa de antevisão ao jogo desta terça-feira com o Sp. Braga. Mais uma vez, pouco diplomata.

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Ficha de jogo

Sp. Braga-FC Porto, 1-1 (1-4 no final da eliminatória)

Segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal

Estádio Municipal de Braga, em Braga

Árbitro: Manuel Mota (AF Braga)

Sp. Braga: Marafona, Goiano (João Novais, 83′), Pablo, Bruno Viana, Sequeira, Murilo, Claudemir (Trincão, 83′), Palhinha, Ricardo Horta, Wilson Eduardo (Xadas, 70′), Paulinho

Suplentes não utilizados: Tiago Sá, Ryller, Ricardo Esgaio, Dyego Sousa

Treinador: Abel Ferreira

FC Porto: Fabiano, Maxi Pereira, Felipe, Éder Militão, Wilson Manafá, Corona, Danilo, Óliver (Loum, 77′), Adrián (Otávio, 55′), Fernando Andrade, André Pereira (Marega, 65′)

Suplentes não utilizados: Casillas, Brahimi, Mbemba, Soares

Treinador: Sérgio Conceição

Golos: Paulinho (41′), Danilo (74′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Wilson Eduardo (19′), André Pereira (20′), Felipe (53′ e 88′), Xadas (73′); cartão vermelho a Felipe por acumulação (88′)

Contudo, na mesma antevisão, Sérgio fez questão de elogiar o trabalho de António Salvador e Abel Ferreira no Sp. Braga, agradecer os comentários positivos feitos pelo treinador bracarense em relação ao FC Porto e organizar um discurso que foi concordante, em toda a linha, com o abraço e o sorriso que ofereceu ao colega de profissão ao entrar na Pedreira no sábado. “O presidente do Sp. Braga tem trabalhado de forma fantástica para que o clube seja ambicioso e lute com os chamados “três grandes” nas competições internas. É normal e natural. Fico lisonjeado com as palavras do Abel e não me cria qualquer pressão”, disse o treinador dos dragões. Longe de ser diplomata, Sérgio Conceição é especialista em política externa.

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É verdade que o jogo desta terça-feira ditava o apuramento para uma final mas também é verdade que, ainda assim, era um encontro a contar para a Taça de Portugal. Por isso mesmo — e principalmente porque os dragões jogaram no sábado, voltam a jogar na sexta-feira e na próxima terça já encontram o Liverpool para a Champions –, Sérgio Conceição fez sete (!) alterações face à equipa que bateu o Sp. Braga há quatro dias. Saíram Casillas, Pepe, Alex Telles (este por lesão), Otávio, Herrera, Marega e Soares, entraram Fabiano, Maxi Pereira, Wilson Manafá, Óliver, Adrián, Fernando Andrade e André Pereira. Do outro lado, Abel Ferreira respondia na mesma moeda: tirava Dyego Sousa, Ricardo Esgaio e Tiago Sá e colocava no onze Paulinho, Ricardo Horta e Marafona.

[Carregue nas imagens para ver as melhores imagens do Sp. Braga-FC Porto:]

Tal como aconteceu no passado sábado, o Sp. Braga entrou melhor no jogo e podia ter marcado logo nos minutos iniciais — e novamente por intermédio de Wilson Eduardo. O avançado minhoto surgiu praticamente isolado a descair na direita da grande área e atirou forte e direitinho contra o ferro da baliza de Fabiano. Estava dado o primeiro aviso e o marcador chegou aos dez minutos sem que o FC Porto tivesse sequer chegado aos últimos 30 metros do meio-campo adversário, entregando toda a iniciativa ao Sp. Braga. Afinal, os dragões venceram por 3-0 o encontro da primeira mão e só precisavam de não sofrer três golos para que não tivessem sequer de se preocupar em marcar.

Os bracarenses inauguraram o marcador ao passar do quarto de hora, através de um autogolo de Felipe, mas o lance foi anulado pelo VAR por fora de jogo de Paulinho, que teve intervenção na jogada. O golo foi anulado mas serviu de exemplo ao que havia de se passar até ao intervalo: Felipe, o único dos quatro defesas do onze inicial dos dragões que estava a atuar exatamente no mesmo sítio em que atuou no passado sábado, estava desligado e desconcentrado, longe dos níveis habituais de acerto e critério que costuma mostrar. Além do central brasileiro, também Fabiano, que esta noite substituía Casillas na baliza do FC Porto, causava calafrios sempre que o Sp. Braga colocava uma bola pelo ar ou a rasgar a defesa e deixava inseguro o banco técnico azul e branco, onde os semblantes, ainda que nunca notoriamente preocupados, eram o espelho da exibição apagada dos jogadores.

Claudemir, que no sábado acabou por oferecer a vitória ao FC Porto ao cometer as duas grandes penalidades que permitiram aos dragões dar a volta ao resultado, esteve muito perto de fazer o primeiro golo do jogo depois de (mais) um erro de Fabiano, que abordou mal um livre batido para a área (36′). A inscrição na ficha de jogo, porém, tombou para Paulinho, que se redimiu com muita classe do fora de jogo no lance anulado pelo VAR. O avançado minhoto ganhou a Felipe no corredor esquerdo, avançou sem oposição em direção à baliza e picou a bola à saída de Fabiano. A quatro minutos do intervalo, o Sp. Braga colocava-se em vantagem e ganhava um balão de oxigénio e motivação para a segunda parte. Já o FC Porto, cujas ligações entre o meio-campo e o ataque eram praticamente inexistentes porque a bola não chegava lá em condições, precisava de regressar muito melhor para evitar o “jogo épico” de que Abel falou na antevisão.

Na segunda parte, o Sp. Braga entrou com a mesma vontade de ser protagonista da surpresa da noite, da semana e quiçá do mês e o FC Porto regressou com a mesma displicência com que tinha abandonado o relvado 15 minutos antes. Aliás, o atraso dos dragões a voltar para o segundo tempo, que deixou minhotos, equipa de arbitragem e adeptos à espera, mostrava isso mesmo: a falta de vontade de jogar e correr, com a noção subconsciente de que a eliminatória estava a rumar para bom porto, tornava pouco apetecível o regresso para o relvado numa noite fria.

Fabiano redimiu-se da primeira parte pouco conseguida e evitou o segundo logo aos 49 minutos, com uma enorme defesa a cabeceamento de Pablo, e os minhotos pareciam decididos a procurar o empate na eliminatória que levaria tudo para prolongamento. Três oportunidades e dez minutos depois, porém, o Sp. Braga caiu de rendimento e acusou o enorme desgaste do primeiro tempo, principalmente nos casos de Paulinho, Ricardo Horta e Palhinha, que terminaram os primeiros 45 minutos como se já tivessem completado 90. Sérgio Conceição tirou Adrián, que passou totalmente ao lado do jogo (à semelhança de Fernando), e colocou Otávio, que ofereceu uma maior consistência ao meio-campo e a posse de bola que os dragões ainda não tinham tido desde que Manuel Mota apitou para o início da partida. O cansaço minhoto permitiu ao FC Porto adormecer o encontro — sem nunca o controlar –, fazer Marega entrar para o lugar de André Pereira para garantir algum músculo na frente de ataque e esperar pelo all in de Abel.

O all in começou aos 73 minutos, quando Xadas substituiu Wilson Eduardo, mas Danilo fez xeque-mate no minuto seguinte. Canto batido na esquerda e Danilo antecipou-se aos centrais do Sp. Braga, que ficaram a ver o internacional português subir ao terceiro andar a cabecear sem hipótese para Marafona. Abel ainda completou a transformação, com as entradas de João Novais e Trincão — e Sérgio Conceição deu a estreia a Loum –, Felipe viu o segundo amarelo e foi expulso mas a eliminatória estava resolvida. O Sp. Braga foi melhor e teve espírito e intenção de “jogo épico”: mas falhou a concretização que ficaria para a história.

O FC Porto está apurado para a 30.ª final da Taça de Portugal do seu palmarés e fica agora à espera de Sporting ou Benfica, que esta quarta-feira disputam a última vaga. Os dragões estiveram muito abaixo dos níveis habituais e as sete alterações no onze desestabilizaram mais do que ajudaram mas a vantagem conquistada na primeira mão chegou e sobrou para carimbar o passaporte para a final. Sérgio Conceição, que chega ao Jamor pela segunda vez na carreira, falhou enquanto diplomata e não realizou a eliminatória perfeita e sem atrito: mas enquanto especialista maior em relações externas, preocupou-se mais em controlar o adversário do que em fazer uma exibição para a posteridade. 

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