No final de novembro, no último Grande Prémio do Mundial 2018 de Fórmula 1, o nome de Fernando Alonso deixou de integrar a grelha da principal competição automóvel. 17 temporadas depois, o espanhol deixava os monolugares e tinha como principal objetivo tornar-se o segundo piloto da história a conquistar a tripla coroa do automobilismo — para isso, falta ganhar o Indy 500, já que o GP do Mónaco e as 24 Horas de Le Mans já fazem parte do palmarés de Alonso. Os amigos mais próximos garantiam, contudo, que o bicampeão mundial de F1 não conseguiria ficar muito tempo longe da prova rainha do automobilismo. E tinham razão.

Esta semana, dias depois do Grande Prémio do Bahrain que Lewis Hamilton venceu com a Mercedes, Alonso viajou até ao país do Médio Oriente e está a testar o carro da McLaren, a equipa que representou nas últimas quatro temporadas da Fórmula 1. Sem ser um regresso oficial, já que não vai competir, a verdade é que o piloto espanhol voltou aos monolugares: mas nada disto quer dizer que tenha tido uns meses tranquilos desde que deixou a F1. Fernando Alonso esteve na semana passada na África do Sul a testar o Toyota que a marca vai colocar no Dakar, está esta semana no Bahrain ao volante do McLaren da Fórmula 1 e para a semana viaja para o Circuito Paul Ricard, em Marselha, para experimentar o Toyota do World Endurance Championship (Mundial de Resistência) que vai estar nas 6 horas de Spa e nas 24 Horas de Le Mans.

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Mais do que viagens e milhas, Alonso acumula veículos e troços diferentes. Em entrevista ao site Race Fans, explicou que é exatamente isso que quer: desafios. “Quero ganhar as 24 Horas de LeMans, quero ganhar em Daytona e em Sebring, tenho a esperança de ser competitivo no Indy 500 e fazer outras coisas fora dos circuitos. É algo que nunca ninguém fez. E é isso que procuro, objetivos”, disse o piloto espanhol, que continua a deixar bem visível a total confiança que tem nas próprias capacidades.

“Acho que sou o melhor piloto do mundo e o meu objetivo é demonstrá-lo. Acho que todos pensamos que somos os melhores mas é difícil mostrá-lo, principalmente porque na Fórmula 1 ou tens o carro adequado nessa temporada ou não podes fazer nada”, defendeu o piloto de 37 anos, que sublinhou ainda que não conduz carros diferentes em circuitos diferentes pela diversão mas sim pela dificuldade. “Não me divirto quando testo carros que não conheço. Têm de me dizer como o fazer. Nos ralis pisam o acelerador a fundo e os travões ao mesmo tempo. Nós travamos com o pé esquerdo, mas ou pisamos o acelerador ou pisamos o travão, nunca o fazemos ao mesmo tempo. Tens que aprender a partir do zero, ter em conta muitas coisas, o esforço que dedico a cada desafio é muito grande. Não o faço por diversão, faço-o por dificuldade, pelo desafio e para me converter num piloto melhor”, acrescentou Fernando Alonso, que na Fórmula 1 foi campeão do mundo em 2005 e 2006, sempre com a Renault.

O filho de Michael Schumacher tem sido o grande alvo de atenção da semana de testes que está a decorrer no Bahrain

O espanhol revelou ainda que recebe muitas mensagens a pedir-lhe que regresse à Fórmula 1, como se lhe dissessem para “voltar ao trabalho de verdade”, e garantiu que ainda não pensa em deixar de competir, correr ou pilotar. “Enquanto conseguir fazê-lo e me sentir competitivo, vou continuar. Talvez um dia entre num carro de Fórmula 1 ou noutro carro qualquer e encontre alguém que é mais rápido do que eu com o mesmo carro. Até agora ainda não aconteceu, por isso vou continuar”, atirou Alonso, que deixou ainda conselhos a Mick Schumacher. O filho mais novo de Michael Schumacher tem sido o principal foco de atenção dos testes do Bahrain — testou o Ferrari e ainda vai pilotar o Alfa Romeo — e muito se fala sobre uma subida à F1 a curto prazo. Ao contrário do que disseram outros pilotos, com Nico Rosberg à cabeça, Fernando Alonso garante que o melhor para Mick é “ir o mais cedo possível”. “Nunca se sabe quando a oportunidade na Fórmula 1 aparecerá quando se é jovem. Ele está na F2 este ano e o foco deve estar em fazer um bom campeonato. Se ele tiver boas prestações e uma equipa de F1 confiar no seu talento, deve aproveitar a oportunidade”, sentenciou o espanhol.

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