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Bruno Fernandes e a vontade de voltar a um sítio onde já foi triste (a crónica do Sporting-Benfica)

Este artigo tem mais de 5 anos

O Sporting venceu o Benfica em Alvalade e vai disputar a final da Taça com o FC Porto. Bruno Fernandes, com um grande golo, garantiu que os leões regressam a um sítio onde já foram muito tristes.

O médio leonino marcou o golo decisivo
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O médio leonino marcou o golo decisivo

EPA

O médio leonino marcou o golo decisivo

EPA

José Mourinho não treina desde dezembro. E diz que não vai voltar a fazê-lo até ao final da temporada e que está a preparar tudo para regressar ao ativo na próxima época. Ainda assim, como special one que é, não deixa de estar atento ao mundo que um dia o coroou enquanto melhor treinador entre todos os outros e que hoje diz que está ultrapassado e fora de moda. Por isso mesmo, no Fórum de Treinadores que decorreu na segunda-feira, falou sobre as hipóteses do FC Porto nos oitavos da Liga dos Campeões, sobre a nova “geração copinho de leite” que está a encher os balneários do futebol europeu e ainda sobre o dérbi desta semana.

“Acho que é o jogo da época para o Sporting e não é o jogo da época para o Benfica. O Benfica tem coisas maiores que pode ganhar, Campeonato e Liga Europa. O Sporting se não vencer a Taça não ganha nada. Conseguirá o Benfica igualar o Sporting em motivação e superar-se? Veremos”, atirou Mourinho, numa frase que até motivou perguntas a Marcel Keizer durante a conferência de imprensa de antevisão da receção ao Benfica. Ora, descontando já o erro de Mourinho — os leões já conquistaram um título esta época, a Taça da Liga –, a verdade é que o Sporting decidia esta noite, mais do que troféus, vitórias ou competições, uma questão de honra.

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Ficha de jogo

Sporting-Benfica, 1-0 (2-2 no final da eliminatória)

Segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal

Estádio José Alvalade, em Lisboa

Árbitro: Hugo Miguel (AF Lisboa)

Sporting: Renan, Bruno Gaspar (Tiago Ilori, 70′), Coates, Mathieu, Borja (Diaby, 74′), Raphinha, Gudelj, Wendel (Doumbia, 88′), Bruno Fernandes, Acuña, Luiz Phellype

Suplentes não utilizados: Salin, André Pinto, Francisco Geraldes, Jovane

Treinador: Marcel Keizer

Benfica: Svilar, André Almeida, Rúben Dias, Jardel, Grimaldo, Fejsa (Taarabt, 82′), Gabriel (Gedson, 17′), Pizzi, Rafa, João Félix (Jonas, 64′), Seferovic

Suplentes não utilizados: Vlachodimos, Corchia, Samaris, Zivkovic

Treinador: Bruno Lage

Golos: Bruno Fernandes (75′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a João Félix (43′), Gudelj (44′), Rafa (54′ e já após o final do jogo), Luiz Phellype (59′), Rafa (64′), Raphinha (82′), Borja (já após o final do jogo); cartão vermelho a Rafa por acumulação já após o final do jogo

À entrada para o quarto (e último) dérbi lisboeta da temporada, o Sporting não vencia o Benfica há oito jogos, desde novembro de 2015. Outro resultado que não uma vitória esta noite significava o igualar da pior série de resultados da história moderna contra o principal rival, que dura há 25 anos. Keizer tinha nas mãos, por tudo isto e algo mais, o que resta de uma época em que a conquista do Campeonato ainda é matematicamente possível mas realisticamente impossível.

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Para o Benfica, porém, o encontro poderia ser erroneamente rotulado como secundário. Os encarnados estão no primeiro lugar da Primeira Liga, ainda que em igualdade pontual com o FC Porto, e ainda estão na Liga Europa; mas a verdade é que, caso escorreguem nas próximas jornadas, sejam eliminados pelo Eintracht Frankfurt e estejam também fora da Taça de Portugal, a temporada poderia rapidamente tornar-se vazia no que a títulos diz respeito. Contudo, os encarnados entravam em campo esta noite com a vantagem da eliminatória, com a vantagem da motivação na reta final da época e com a vantagem de quem tem somado boas exibições e bons resultados.

Marcel Keizer não tinha Bas Dost, ainda lesionado, e também não podia contar com Ristovski, punido com um jogo de castigo após a expulsão em Chaves. O treinador holandês voltou a apostar na titularidade de Luiz Phellype, que bisou no último jogo, e colocou Bruno Gaspar a render o macedónio na direita da defesa. O Sporting jogava então com três centrais — Mathieu, Coates e Borja –, Gaspar na direita e Acuña na esquerda, Gudelj e Wendel no meio-campo mas numa posição sempre mais próxima da defesa do que do ataque e Bruno Gaspar a descair na esquerda e Raphinha na direita. Uma espécie de 5x2x2x1 que rapidamente se transformava em 3x4x3 quando Acuña e Bruno Gaspar subiam pelas alas e permitiam a Raphinha e Bruno Fernandes aparecer em terrenos interiores.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do Sporting-Benfica:]

Do outro lado, Bruno Lage tirava Vlachodimos, Ferro, Samaris e Jonas e lançava Svilar, Jardel, Fejsa e Seferovic. O central brasileiro fazia dupla com Rúben Dias no eixo da defesa, Grimaldo e André Almeida ocupavam os respetivos lugares na esquerda e na direita, Fejsa jogava mais perto da defesa e Gabriel uns passos à frente, enquanto elo de ligação com o ataque. Pizzi tombava na direita, Rafa na esquerda, João Félix e Seferovic voltavam a fazer dupla no ataque e o Benfica mostrava-se em Alvalade com um 4x4x2 assimétrico, com Rafa sempre mais perto da linha e Pizzi à procura de espaços nas costas dos centrais para servir Félix ou Seferovic.

O Sporting entrou no jogo mais confiante e com mais vontade de procurar a baliza adversária, com cinco minutos iniciais de total controlo em que só se trocou a bola no meio-campo defensivo do Benfica. Gudelj foi o primeiro a rematar (2′), Bruno Gaspar tentou de fora de área depois de um canto e Wendel ainda assustou Svilar com um remate na diagonal (10′). O Benfica soube responder e aproveitou o alongar dos minutos para colocar em prática um jogo pausado e rendilhado, sem grandes riscos e com a intenção superior de jogar perto da área de Renan mas não criar desequilíbrios nas costas, principalmente nos terrenos povoados por Bruno Fernandes. A lesão de Gabriel, ao quarto hora de jogo — o brasileiro magoou-se sozinho, ao rematar contra a perna de um jogador adversário –, obrigou Bruno Lage a lançar Gedson na partida, perdendo o poder físico do médio e o critério de passe que tantos lances de golo inicia.

O Benfica reagiu ao controlo inicial dos leões com um contra-ataque rápido em que Seferovic procurou João Félix ao segundo poste (16′), um remate perigoso de Fejsa que Renan defendeu com a ponta dos dedos (43′) e um lance em que os papéis se inverteram e Félix cruzou para o suíço a partir da esquerda mas nunca criaram uma situação de real perigo. Com o passar dos minutos, o Sporting afastava-se também da área de Svilar e ficava embrenhado na posse de bola encarnada, que geria o ritmo da partida e adormecia o adversário. Na ida para o intervalo, o Benfica continuava em vantagem na eliminatória e estava a 45 minutos da final do Jamor.

Na segunda parte, Keizer trocou Bruno Fernandes e Raphinha de corredor mas o erro que mais vezes ocorreu no primeiro tempo continuou a aparecer. Borja, apesar de uma exibição globalmente positiva, esquecia-se muitas vezes de que estava a jogar a central e lançava-se em investidas ofensivas: o problema é que Acuña, que nessa altura devia cobrir a esquerda da defesa, esquecia-se também de que tinha responsabilidades mais atrás e permanecia no corredor. Pizzi aproveitou na primeira parte para criar desequilíbrios e começou a fazer o mesmo logo nos instantes iniciais da segunda, ao lançar Seferovic com um passe nas costas da defesa leonina que deixou o suíço totalmente isolado. Na cara de Renan, Seferovic falhou.

O Sporting respondeu com um livre muito perigoso de Bruno Fernandes, que acertou com estrondo na barra da baliza de Svilar quando tentava reeditar o grande golo que marcou na Luz na primeira mão, e Bruno Lage decidiu tirar João Félix — que esta noite passou algo ao lado do jogo, também fruto de não ter sido muito solicitado — para colocar Jonas. Os leões estavam no jogo de forma algo displicente, sem grande vontade e critério e com pouca clarividência, tendo em conta que era necessário marcar um golo; o Benfica, por seu lado, tinha o encontro a seu favor, pouco partido e a deixar os minutos passar no relógio, rumo à final do Jamor.

Keizer tirou Bruno Gaspar e Borja e lançou Tiago Ilori e Diaby e as substituições pareceram ter efeito imediato — ainda que não de forma direta. O coletivo estava a falhar, o Sporting precisava de um golo e não estava a conseguir criar perigo, o meio-campo estava demasiado recuado e Luiz Phellype andava perdido entre Jardel e Rúben Dias. Por tudo isto, entrou em ação aquele que normalmente entra em ação quando tudo o resto falha. Aquele que, diga-se, até estava a perder muitas bolas e a ser quase aniquilado pela pressão alta dos encarnados. Mas aquele que, solicitado por Diaby no corredor direito, puxou para dentro, deixou Grimaldo sem norte, atirou de pé esquerdo a partir do vértice da área e acertou naquele sítio onde as corujas costumam dormir.

Até ao final, o Benfica dominou o jogo e Seferovic esteve muito perto de carimbar o passaporte para o Jamor, com um cabeceamento que passou a rasar o poste de Renan, e também Raphinha quase aumentou a vantagem. Sem ser brilhante mas a ser continuamente melhor e mais intenso do que o Benfica, o Sporting garantiu a presença na final da Taça de Portugal, onde vai encontrar o FC Porto. Bruno Fernandes, que foi um dos jogadores que em maio do ano passado não conteve as lágrimas após a derrota contra o Desp. Aves, dias depois das agressões em Alcochete, foi agora o capitão que confirmou a reviravolta na eliminatória e a ida ao sítio onde já foi muito triste. Esta noite, mais do que organização tática, transições, oportunidades, defesas ou ataques, o Sporting ganhou pela vontade de querer voltar a um sítio onde já foi muito triste para criar novas memórias.

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