A Jaguar Land Rover atravessa um período particularmente difícil, o que tem mais a ver com a gestão e decisões estratégicas do que com a qualidade e a capacidade dos veículos. De um ou do outro fabricante. A Land Rover produz veículos extremamente capazes de todo-o-terreno e a sua divisão de luxo, a Range Rover, alia a esta competência um refinamento muito elaborado. Que, contudo, não é imune a todo o tipo de ataques, especialmente aqueles que vêm de dentro.
O designer da Land Rover, Gerry McGovern, é um profissional competente – basta recordar que o Evoque é seu, o modelo que salvou a marca, bem como o Velar, tido como um dos mais elegantes SUV do momento –, mas terá alguma dificuldade em guardar só para si informações que não deveriam ser do domínio público. Segundo o Jalopnik, na recente apresentação do Range Rover Evoque 2020, McGovern revolveu partilhar, em público, que os elegantes fechos de porta do Velar, que já surgiram no Jaguar I-Pace e agora surgem igualmente no Evoque, foram uma exigência específica da Tata, a dona da Jaguar Land Rover.

Essa informação revela que os proprietários das marcas britânicas estão em completo controlo dos acontecimentos e, mais do que isso, na disposição de incrementar as despesas para ter um produto irrepreensível. O que já não abona em favor dessas mesmas marcas inglesas é que McGovern tenha admitido que a Jaguar Land Rover precisou de quatro anos para fazer os fechos escamoteáveis.
Este tipo de fecho não é fácil de conceber e produzir, não por serem muito mais complexos do que os fechos tradicionais, mas porque têm de funcionar mesmo em condições extremas, com realce para temperaturas muito negativas, onde o gelo pode impedir os manípulos de abrir o suficiente para permitir serem manuseados à mão. Mas atribuir quatro anos para fazer um fecho de porta, por parte de McGovern, é quase um atestado de incompetência que obviamente não se justifica, pois não faltam pergaminhos à Land Rover para conceber o que quer que seja. E depressa.