O secretário-geral da NATO reconheceu esta quarta-feira divisões sérias dentro da aliança e apelou à unidade, no âmbito das comemorações dos 70 anos da organização, perante o Congresso dos EUA e num momento de tensão transatlântica. Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO, pediu mais unidade na organização e mais financiamento para as suas missões, perante os novos desafios globais, tal como a atitude agressiva da Rússia.

Perante congressistas norte-americanos, no âmbito das comemorações dos 70 anos da NATO, Stoltenberg disse que é preciso recordar os laços históricos que permitiram que os EUA e os seus aliados europeus preservassem a paz, no final da II Guerra Mundial, quando da fundação da Organização do Tratado do Atlântico Norte. “Temos de ser francos. (…) As perguntas estão a ser feitas em ambos os lados do Atlântico, sobre a real força da nossa aliança”, afirmou o secretário-geral da aliança atlântica.

Stoltenberg elogiou o Presidente dos EUA, Donald Trump, por ter pedido aos aliados para aumentarem o volume da sua participação financeira na NATO, embora não se tenha referido às críticas que o líder dos EUA também tem apontado à organização. Nos últimos anos, a aliança tem sofrido fortes pressões, com Donald Trump a questionar a utilidade da NATO, acusando os aliados de deixarem os norte-americanos com a fatura fundamental das intervenções militares em nome da organização do Atlântico Norte.

Perante os congressistas norte-americanos, Stoltenberg preferiu destacar os benefícios para os EUA de terem aliados na NATO, recordando que não hesitaram em ativar o artigo 5º do tratado, que impele os membros a atuarem quando um é atacado, logo a seguir aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.

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Stoltenberg disse mesmo que os aliados também fornecem aos EUA apoio militar valioso, em tempo de paz, desde o rastreamento de submarinos no Ártico até à provisão de bases na Europa de que os norte-americanos se podem socorrer. “A nossa aliança não durou 70 anos por uma questão de nostalgia ou de sentimento. A NATO sobrevive porque é do interesse nacional de todos e de cada um dos países”, disse o secretário-geral da organização. Na quinta-feira, ainda no âmbito das comemorações dos 70 anos da NATO, Stoltenberg liderará uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros dos países membros, organizada pelo secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo.

Espera-se que, nessa reunião, sejam abordadas algumas divergências que os EUA têm revelado no interior da NATO, mas Stoltenberg já esta semana sossegou os líderes dos vários países membros, sobre essa questão. “Discussões abertas e opiniões diferentes não são sinal de fraqueza”, disse Stoltenberg.

Donald Trump referiu-se à NATO como uma “organização obsoleta” e criticou recentemente a Alemanha por não cumprir metas de gastos e tem ameaçado propor a inclusão de sanções aos países que não respeitem a regra de 2% do PIB em defesa, objetivo que, segundo um relatório da NATO, apenas sete países atingiram, em 2018. Mas Stoltenberg já reconheceu que o apelo de Trump tem dado frutos, com os membros a revelarem mais esforço financeiro, e esta quarta-feira, perante os congressistas norte-americanos, preferiu ignorar as críticas do Presidente dos EUA ao funcionamento da NATO.