O conselho executivo do Banco Mundial elegeu hoje como presidente David Malpass, candidato único proposto por Donald Trump e crítico das instituições internacionais, que iniciará funções na próxima semana.

David Malpass, norte-americano de 63 anos, será presidente do Banco Mundial a partir de 09 de abril e durante cinco anos, ao substituir o sul-coreano Jim Yong Kim, que anunciou a sua saída do organismo em janeiro.

O anúncio realiza-se na semana anterior às reuniões de primavera entre o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que decorrerão em Washington. “O processo incluiu uma nomeação aberta e transparente onde qualquer cidadão dos membros do banco poderia ser proposto por qualquer diretor executivo ou governador. Seguiu-se uma exaustiva diligência e uma entrevista ampla com o senhor Malpass pelo conselho executivo”, indicou o Banco Mundial em comunicado citado pela agência Efe.

Só os Estados Unidos apresentaram candidato, e nenhum outro país ofereceu uma alternativa para presidir à principal instituição financeira dedicada ao desenvolvimento global. David Malpass era até agora subsecretário de Estado para os Assuntos Internacionais no Departamento do Tesouro dos Estados Unidos.

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Crítico das instituições internacionais, como o Banco Mundial e o FMI, e com uma ampla experiência política em Washington e em finanças em Wall Street, Malpass suavizou o seu discurso nas últimas semanas, após ser proposto para o cargo pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O economista foi uma das primeiras designações de Trump ao chegar à Casa Branca e fez parte do conselho de assessores económicos da sua campanha eleitoral.

Na sua etapa no Tesouro, o novo presidente do Banco Mundial deu algumas mostras de compromisso, já que foi um dos responsáveis pela decisão de o país aprovar um aumento de capital de 13.000 milhões de dólares (cerca de 11.595 milhões de euros) para o organismo a que agora presidirá, algo a que se tinha oposto no princípio do seu mandato.

Em 2017, segundo a agência France-Presse, David Malpass não hesitou em criticar publicamente as instituições internacionais, julgando-as dispensáveis, “não muito eficazes” e “por vezes corrompidas nas suas práticas de financiamento”.

Mais recentemente, interrogado sobre quais seriam as suas prioridades se fosse eleito para presidir ao Banco Mundial, Malpass indicou que queria recentrar a instituição “no coração da sua missão”, indicando como necessária a saída da pobreza por parte dos países mais pobres e a redução do acesso ao crédito de países mais desenvolvidos, como a China.

Fundado em 1944 e a celebrar 75 anos em 2019, juntamente com o FMI, no marco dos acordos de Bretton Woods, a tradição tem revelado que os Estados Unidos nomeiam o presidente do Banco Mundial, enquanto a Europa escolhe o cargo de diretor do FMI, atualmente dirigido pela francesa Christine Lagarde.