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Otávio, o médio que faz chover mas passa entre os pingos da chuva (a crónica do FC Porto-Boavista)

Este artigo tem mais de 5 anos

O FC Porto venceu tranquilamente o Boavista e assumiu a liderança do Campeonato à condição. Soares marcou, Brahimi voltou ao onze mas o destaque foi Otávio, que joga e faz jogar.

O médio brasileiro marcou o sexto golo da temporada
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O médio brasileiro marcou o sexto golo da temporada

LUSA

O médio brasileiro marcou o sexto golo da temporada

LUSA

À entrada para o dérbi desta sexta-feira, 37 pontos separavam o segundo lugar do FC Porto e o 13.º do Boavista. Três eliminatórias separavam os oitavos de final da Taça de Portugal, onde os axadrezados foram eliminados pelo V. Guimarães, e a final do Jamor, onde os dragões vão estar. Muitos jogos separavam a segunda eliminatória da Taça da Liga, onde o Boavista caiu com o Nacional, e a final da competição, onde o FC Porto perdeu com o Sporting. E algo quase imensurável separava a temporada 2002/03, a última em que a equipa de Lito Vidigal esteve nas competições europeias, e a próxima terça-feira, onde o conjunto orientado por Sérgio Conceição vai enfrentar o Liverpool nos oitavos de final da Liga dos Campeões.

Existia algo, porém, que unia como poucas vezes o FC Porto e o Boavista que esta jornada se encontravam no Dragão. Tanto Sérgio Conceição como Lito Vidigal, os dois treinadores, estavam castigados e iriam assistir à partida na bancada. Conceição, suspenso por oito dias depois de uma discussão mais acesa com um adepto do Sp. Braga no jogo da passada jornada, era substituído pelo adjunto Vítor Bruno; e Vidigal, expulso na vitória caseira dos axadrezados frente ao Belenenses SAD após protestar com o árbitro, via o também adjunto Neca tomar o seu lugar no banco. Em dia de dérbi da Invicta, FC Porto e Boavista apresentavam-se sem o treinador no local habitual.

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Ficha de jogo

FC Porto-Boavista, 2-0

28.ª jornada da Primeira Liga NOS

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Rui Costa (AF Porto)

FC Porto: Casillas, Corona (Maxi Pereira, 64′), Pepe, Militão, Manafá, Otávio, Danilo (Loum, 86′), Herrera, Brahimi, Soares (Hernâni, 77′), Marega

Suplentes não utilizados: Vaná, Fernando Andrade, Óliver, Mbemba

Treinador: Sérgio Conceição

Boavista: Bracalli, Jubal, Raphael Silva, Neris; Carraça, Rafael Costa, Sauer (Mateus, 79′), Matheus Índio, Bueno, Rafael Lopes (Falcone, 60′), Yusupha (Edu Machado, 54′)

Suplentes não utilizados: Assis, Obiora, Gonçalo Cardoso, Tahar

Treinador: Lito Vidigal

Golos: Soares (gp, 41′), Otávio (48′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Sauer (31′), Jubal (90+3′)

Os dragões voltavam então à luta pelo Campeonato após o jogo a meio da semana — onde o empate em Braga valeu o apuramento para a final da Taça de Portugal — e estavam, como assim é desde há semanas, praticamente impedidos de escorregar. Sérgio Conceição continuava sem ter Alex Telles, que se lesionou no passado sábado após converter uma grande penalidade, e não podia contar com Felipe, que já viu nove cartões amarelos desde o início da Primeira Liga e cumpria por isso um jogo de castigo. Face às ausências, Jesús Corona ocupava a direita da lateral, Wilson Manafá era titular na esquerda e Éder Militão regressava ao eixo para render Felipe ao lado de Pepe. Mais à frente, depois das poupanças no encontro para a Taça, regressavam ao onze Herrera, Otávio, Soares e Marega (saíam Maxi Pereira, Óliver, Fernando Andrade e Adrián) e voltava Brahimi, ausente das opções iniciais há alguns jogos. Do outro lado, Vidigal não tinha Helton Leite, Idris e Sparagna, todos lesionados, mas Sauer, que chegou a estar em dúvida para o dérbi, era titular no meio-campo.

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Durante a primeira parte, mais do que organizações táticas ou transições ofensivas, ficava patente um regresso: o de Brahimi, que não era titular há algumas semanas e entrou em campo com a clara vontade de mostrar a Sérgio Conceição que é opção válida para Liverpool, para as seis jornadas que restam no Campeonato e para a final da Taça de Portugal. O argelino, a ocupar terrenos mais próximos da ala esquerda, desequilibrou, jogou e fez jogar, foi o principal motor de uma equipa que encostou o Boavista às cordas e que esteve longe — muito longe — do FC Porto apático da última terça-feira, em Braga.

Entre os 10 e os 20 minutos de jogo, os dragões poderiam ter inaugurado o marcador várias vezes: primeiro foi Otávio, que só não marcou porque Neris impediu que a bola chegasse à baliza (9′); depois foi Soares, que viu Bracali roubar-lhe o golo com uma defesa com a cara (10′) e depois rematou por cima da baliza do guarda-redes axadrezado (14′); e ainda Brahimi, que atirou em jeito a partir do vértice da grande área e viu a bola passar a menos de um palmo do poste. Tudo somado, o jogo só tinha uma direção e uma baliza — a do Boavista. A partir dos 20 minutos, porém, o FC Porto perdeu algum gás e permitiu ao adversário estender-se um pouco mais no terreno, ainda que sempre de forma tímida e na busca pela profundidade que Manafá e Corona anulavam. Foi neste período de maior tranquilidade para a defesa axadrezada que Brahimi, sempre ele, conquistou a grande penalidade que acabou por inaugurar o marcador do dérbi.

O argelino apareceu dentro da grande área, a tombar na esquerda, e foi derrubado por Raphael Silva. Rui Costa assinalou grande penalidade, o VAR confirmou a decisão e Soares — que substituiu o lesionado Alex Telles na conversão — bateu Bracali (41′). O FC Porto chegava de forma merecida à vantagem e materializava o enorme domínio que colocou em prática durante o primeiro tempo. Já no minuto extra que o árbitro concedeu, Marega ainda celebrou o regresso aos golos e o avolumar do marcador mas o VAR acabou por anular o lance por fora de jogo do maliano. Na ida para o intervalo, o FC Porto tinha 12 remates contra apenas dois do Boavista, 50 duelos ganhos contra 29 e uns avassaladores 75% de posse de bola. O primeiro, que é sempre o mais difícil, estava feito: e adivinhavam-se mais para a segunda parte.

Uma adivinha que se revelou, em toda a linha, totalmente acertada. FC Porto e Boavista regressaram para a segunda parte sem alterações e Otávio fez questão de colocar o marcador como esteve durante segundos, entre o momento em que Marega bateu Bracali e o momento em que o VAR anulou o golo do maliano. Com um remate de fora de área, rasteiro, forte e na diagonal, o médio brasileiro aumentou a vantagem dos dragões (48′) e voltou a marcar, algo que não fazia desde novembro, contra o Belenenses SAD para a Taça de Portugal. A partir daí, o FC Porto lembrou-se de que volta a entrar em campo já daqui a quatro dias, em Anfield Road, contra um Liverpool que luta pela Premier League e que na temporada passada chegou à final da Liga dos Campeões. Por tudo isso e pelo cansaço acumulado de semanas muito preenchidas, os dragões tiraram o pé do acelerador, controlaram sem comprometer e dominaram por completo com posse de bola. O Boavista, por seu lado, trocou Yusupha por Edu Machado, Rafael Lopes por Falcone mas pouco ou nada aconteceu: não havia espaço, não havia oportunidade, não havia maneira de entrar entre as linhas mais defensivas do FC Porto.

[Carregue nas imagens para ver alguns dos melhores momentos do FC Porto-Boavista:]

Como principal oponente, os axadrezados encontraram um enorme Otávio. O médio brasileiro, que passa muitas vezes despercebido entre os destaques que são Brahimi, Marega, Herrera e companhia, foi o melhor elemento dos dragões e fez muito mais do que o golo. Aos 65 minutos, Otávio liderava em dribles bem sucedidos (sete), em desarmes (quatro) em interceções (três) e até em faltas sofridas (quatro). Feito um autêntico playmaker, o médio que chegou a Portugal em 2014 mas andou emprestado pelo V. Guimarães até regressar ao Dragão em 2016 e é atualmente uma das peças mais importantes do xadrez azul e branco montado por Sérgio Conceição. Numa segunda parte que o FC Porto geriu de forma tranquila e inteligente até ao apito final — não sofrendo grandes calafrios mesmo com a entrada de Mateus e permitindo o descanso de Corona e Soares (entraram Maxi e Hernâni) –, Otávio recuou para ir buscar jogo, subiu para oferecer linhas de passe, serviu Brahimi e até maquilhou uma exibição para lá de pobre de Marega, que aos 67 minutos ainda não tinha tocado na bola no segundo tempo.

O FC Porto acelerou na primeira parte, resolveu no início da segunda e descansou sem precisar de grande intensidade. Vitória tranquila para os dragões, que assumem a liderança da Primeira Liga à condição e ficam agora à espera de ver o que faz o Benfica em Santa Maria da Feira, no domingo. Sérgio Conceição, que esteve sempre muito atento a partir da bancada do Dragão, não podia pedir jogo mais despreocupado na antecâmara da visita ao Liverpool e no seguimento de uma exibição pouco conseguida contra o Sp. Braga. Até, porque Otávio, o homem que faz chover mas que tantas vezes passa entre os pingos da chuva, estava lá para segurar as pontas.

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