O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, pediu este domingo maior flexibilidade à Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, na concretização do acordo sobre desarmamento de guerrilheiros com vista ao alcance da paz no país.

“Apelamos à nova liderança da Renamo no sentido de ser mais flexível, no mesmo espírito que culminou com a aprovação do pacote de descentralização”, ainda com o antigo líder, Afonso Dhlakama, falecido em maio de 2018, referiu.

O chefe de Estado, Filipe Nyusi, discursava em Maputo por ocasião das celebrações do Dia da Mulher Moçambicana.

Um novo acordo de paz assenta em dois dossiês, a descentralização do poder e a desmilitarização, desarmamento e reintegração (DDR) dos guerrilheiros da Renamo.

Sobre este último, foi assinado um memorando em agosto de 2018 por Filipe Nyusi e Ossufo Momade, novo líder do partido da oposição, e é sobre esse que o chefe de Estado pede maior flexibilidade, “de modo a evitar a frustração crescente da esperança de guerrilheiros que aguardam pela restauração das suas vidas”, referiu.

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Os guerrilheiros “depositam total esperança neste processo”, disse Nyusi, acrescentando que o mesmo representa a “vontade de todo o povo moçambicano”.

“O governo já deu os passos acordados”, no âmbito do memorando de assuntos militares, acrescentou.

Filipe Nyusi admitiu ainda haver interferências no processo negocial por parte de terceiros e apelou aos países interessados para que intervenham “através do grupo de contacto e não isolados”, porque, “por vezes, agindo dessa forma, retrocedem o processo de paz em Moçambique”.

Nyusi apelou à “conjugação de esforços” de todos, referindo que “muitas intervenções divergentes ou mesmo o surgimento de muitos conselheiros internos, que por vezes pretendem acomodar as vontades individuais, não estão a ajudar à implementação dos consensos plasmados no memorando de entendimento dentro dos prazos estabelecidos”.

O ministro do Interior moçambicano disse na quinta-feira que o Governo fará tudo para que o desarmamento da Renamo seja concluído antes do início da campanha para as eleições gerais de 15 de outubro — a campanha arranca a 31 de agosto.

Desde a assinatura do memorando de entendimento de agosto, o Governo enquadrou em lugares de comando e de chefia das Forças Armadas um total de 14 oficiais da Renamo e dez oficiais deverão ser integrados em postos da Polícia da República de Moçambique (PRM), tal como previsto no documento.

O principal partido da oposição espera ainda que o executivo moçambicano aceite a integração de quadros da Renamo nos Serviços de Informação e Segurança do Estado (SISE), a secreta moçambicana.

“Por nós, o processo podia ser concluído amanhã, queremos que isto seja encerrado o mais rapidamente possível”, afirmou a 12 de março, André Majibire, chefe da delegação da Renamo nas negociações com o Governo.