O Exército brasileiro anunciou esta segunda-feira a detenção de dez militares envolvidos nos disparos sobre um carro de família durante uma ação que deixou um morto no bairro de Guadalupe, na cidade do Rio de Janeiro, no último domingo.

O Comando Militar do Leste (CML) já havia informado que o caso está em investigação pela Polícia Judiciária Militar, com a supervisão do Ministério Público Militar. Os militares que disparam sobre o carro alegaram ter confundido o veículo com um outro que era dirigido por criminosos.

Cinco passageiros estavam no carro, atingido pouco antes da saída para uma festa de família. Evaldo Santos Rosa, músico de 51 anos, teve morte imediata, enquanto a esposa, o filho de sete anos, o sogro e uma outra mulher que também estavam no carro acabaram feridos pelos militares brasileiros.

O Exército do Brasil informou, após o incidente, que o ataque seria uma resposta a tiros disparados por ocupantes do carro contra os militares. No entanto, esta versão foi contestada pelos passageiros e por testemunhas.

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Os militares dispararam 80 tiros contra o veículo, por engano, conforme descreveu um polícia à rede Globo de Televisão. “Tudo indica que os militares realmente confundiram o carro com um veículo de bandidos. Mas este veículo era de uma família. Não foi encontrada nenhuma arma dentro no carro. Todos os elementos determinaram que tratava-se de uma família normal que terminou sendo vítima dos militares”, disse o delegado Leonardo Salgado.

A onda de violência que tomou conta do Rio de Janeiro desde os Jogos Olímpicos de 2016 tem provocado mais de 6.000 mortos por ano, um problema que não foi solucionado pela intervenção militar na área de segurança pública, em 2018.

Durante os dez meses de intervenção, 1.375 pessoas foram mortas por ações da polícia, número 33,6% maior do que o registado no mesmo período de 2017, de acordo com a organização não-governamental Observatório da Intervenção.