A cidade búlgara de Plovdiv — uma das duas capitais europeias da cultura em 2019 — está envolvida numa polémica relacionada com homofobia: as autoridades locais querem a demissão da responsável de uma exposição fotográfica com questões LGBT.

Com inauguração prevista para julho, “Balkan Pride” está a ser criticada por entidades búlgaras, que querem cancelar a exposição. A mostra, organizada pela fundação de direitos LGBT Glas, conta com fotografias de eventos passados de “gay pride” nos Balcãs, além de um concerto e de um fórum de discussão.

Um membro de uma coligação de três partidos, liderada pelos nacionalistas do VMRO, quer impedir que a exposição seja inaugurada. “Nós não queremos que eles façam isso. E nós vamos travá-los, usando todos os meios legais e, se necessário, ilegais”, atirou Alexander Sidi, citado pelo Guardian.

Também Borislav Inchev, da VMRO-Plodvid, declarou: “Estou muito curioso para saber o que aconteceria se uma professora cometesse um erro e visitasse a exposição com a sua turma. O que veriam os alunos? Como é que ela explicaria aquilo?”

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Esta segunda-feira, o conselho da cidade votará uma recomendação que propõe a demissão da responsável pela exposição e pela fundação Glas, Svetlana Kuyumdzhieva. De acordo com o diário britânico, a recomendação de destituição já tem o apoio de 21 dos 50 membros da assembleia municipal de Plovdiv, incluindo os eleitos pelo partido socialista búlgaro.

Por seu turno, a diretora artística afirma que tinha a garantia de não interferência política na exposição. “Esta situação pode prejudicar seriamente a reputação e a imagem que construímos nos últimos cinco anos”, reforça Kuyumdzhieva, falando em “discriminação” e “censura”.

“Plovdiv é uma cidade relativamente conservadora. Outros projetos deveriam ser a prioridade”, declara, por outro lado, Evelin Paraskov, da coligação Unidos por Plovdiv, que integra os nacionalistas do VMRO, acrescentando que o seu principal problema era a falta de transparência sobre o gasto de dinheiro público por parte da cidade búlgara e não o conteúdo LGBT propriamente dito.

A crescente onda de homofobia na Bulgária tem sido motivo de preocupação no país. No início do ano, segundo uma organização não-governamental local, foram registados dois ataques a mulheres LGBT, em Sófia. Recentemente, no mês passado, o edifício onde estão localizados os escritórios da Capital Europeia da Cultura foi vandalizado. Na fachada do prédio, foram escritas frases como “não à propaganda gay em Plodvdiv”, “ladrões”, e ainda ofensas à comunidade LGBT.

Do outro lado da polémica, Simeon Vassilev, da Glas, citado pelo Guardian, afirmou que a sua organização encontraria uma forma de realizar a exposição. “Os políticos parecem não entender o conteúdo de um produto cultural, e não percebem que a capital europeia da cultura não deve ser politizada e cheia de intrigas“, afirmou.

Plovdiv, na Bulgária, é Capital Europeia da Cultura este ano, juntamente com Matera, em Itália.