O Exército do Sudão reforçou a presença junto ao quartel-general de Cartum onde milhares de pessoas se mantêm concentradas a pedir a demissão do Presidente Omar el-Béchir e evitou uma carga das forças policiais.

Os soldados bloquearam as ruas de acesso ao complexo militar para evitar que as viaturas civis se aproximem do local e, segundo testemunhos, fizeram disparos para o ar para dissuadirem a polícia de dispersar os manifestantes pela força.

As unidades militares protegeram todos aqueles que participam na concentração depois de as forças de segurança [polícia] terem começado a dispersar o protesto através da força”, disse o ativista Ali Ibrahim, membro da Associação de Profissionais do Sudão, uma organização sindical da oposição.

De acordo com o sindicalista, mais de 50 mil pessoas mantêm a concentração de protesto frente ao principal quartel do Exército em Cartum.

O ativista acrescentou, em declarações à agência Efe, que os manifestantes não vão abandonar o local “até que el-Béchir renuncie e forme um governo de transição capaz de conduzir o país a uma nova etapa”.

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A Associação de Profissionais afirmou em comunicado que dezenas de membros dos corpos policiais começaram a dispersar os manifestantes sendo que a maior parte se encontram sentados no chão.

A partir do momento em que a polícia usou a força os militares intervieram e reforçaram posições no local.

O Comité Central dos Médicos do Sudão, um organismo sindical da oposição indicou que “há muitos feridos” porque a polícia “usou munições reais para dispersar os manifestantes”.

A mesma organização apelou aos médicos de Cartum para se dirigirem ao hospital Royal Care para reforçarem o apoio aos feridos que precisam de cuidados de saúde devido aos ferimentos.

No sábado, a intervenção policial com munições reais fez pelo menos seis mortos e dezenas de feridos.

As manifestações começaram no passado dia 19 de dezembro, intensificaram-se no princípio do ano, mas a força dos protestos foi reduzida depois de o chefe de Estado ter declarado situação de emergência, no dia 22 de fevereiro.

Mesmo assim, no sábado foi organizada a maior manifestação até ao momento e que coincidiu com a data que assinalou a revolução de 06 de abril de 1985, que originou um período democrático que se prolongou durante quatro anos.

Desde o passado mês de dezembro, mais de meia centena de pessoas morreu na sequência da repressão policial e mais de mil manifestantes foram detidos ou desapareceram.