Yujing Zhang, a mulher de nacionalidade chinesa que na semana passada entrou sem autorização no resort de Mar-a-Lago, onde o presidente norte-americano Donald Trump passa a maior parte dos seus fins-de-semana, trazia consigo vários equipamentos eletrónicos quando entrou no clube privado, incluindo um detetor de sinal para encontrar câmaras ocultas, segundo revela a CNN.

A quantidade de equipamento sofisticado, aliado aos milhares de dólares que tinha no quarto de hotel e ao facto de Zhang não ter uma razão para estar no resort levam o FBI a considerar a hipótese de a chinesa ser uma espia. Por enquanto, contudo, Zhang está apenas acusada de ter entrado sem autorização e de ter prestado falsas declarações às autoridades norte-americanas.

Os detalhes foram divulgados esta segunda-feira, quando Zhang compareceu perante um tribunal na Florida a propósito da sua entrada não autorizada em Mar-a-Lago em finais de março. De acordo com os procuradores, quanto entrou no clube privado a cidadã chinesa trazia consigo dois passaportes da China, uma pen USB com malware, outras oito pens USB, cinco cartões SIM e um detetor de sinal que procura os sinais de câmaras ocultas. No quarto de hotel da cidadã chinesa havia ainda mais de oito mil dólares e yuans em dinheiro vivo.

De acordo com a acusação, tudo se terá passado da seguinte forma, como conta a CBS: Zhang terá entrado no resort apresentando-se como membro do clube privado e anunciando que gostaria de ir até à piscina. Ao não encontrar o nome na sua lista, o funcionário terá pensado que a chinesa era filha de um dos membros e perguntou-lhe isso mesmo, tendo Zhang respondido de forma evasiva — algo que os responsáveis do clube pensaram dever-se à barreira linguística, razão pela qual a deixaram entrar. Sabe-se agora que Zhang fala fluentemente inglês.

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Já dentro de Mar-a-Lago, a mulher chinesa disse a uma das rececionistas que estava no resort para participar num evento da Associação Sino-Americana das Nações Unidas, que decorreria nesse dia. Os responsáveis, contudo, não sabiam de nenhum evento do género. Zhang terá então mostrado um documento que seria um convite para a tal cerimónia, mas como estava em chinês era indecifrável para as autoridades do resort, que decidiram pedir a Zhang que saísse. Como esta contestou, acabou por ser interrogada pelos Serviços Secretos e posteriormente detida.

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O procurador Rolando Garcia confirmou que o FBI continua a investigar a possibilidade de Zhang ser uma espia, afirmando que “muitas questões continuam sem resposta” e declarando que “ela mente a toda a gente” e “só tem laços na China”.

No entanto, a misteriosa mulher chinesa não foi acusada de nenhum crime de espionagem para já, tendo apenas de responder por enquanto por dois crimes: um de falsas declarações prestadas a autoridades federais e um crime de entrada em área restrita sem autorização.