O diretor de informação e de comunicação do FC Porto, Francisco J. Marques, defendeu esta quarta-feira em tribunal que a divulgação dos emails do Benfica no Porto Canal seguiu o “interesse público”, ilibando ainda a SAD portista de envolvimento no caso. “Estamos aqui sentados por o Benfica achar que o FC Porto fez espionagem, quando era o Benfica que o fazia. O Benfica fazia espionagem aos concorrentes e aos árbitros”, acusou o responsável azul e branco.

Francisco J. Marques é réu e foi ouvido durante a quinta e última sessão do julgamento, tendo em conta a ação cível movida pelo Benfica contra si e o FC Porto. Os encarnados pedem uma indemnização de 17,5 milhões de euros, uma vez que consideram a divulgação dos emails provocou danos à imagem do clube e prejuízos patrimoniais.

Sobre a divulgação dos emails no programa do Porto Canal “Universo Porto”, Francisco J. Marques defendeu que o fez “sem pedir ou receber ordem da SAD” do FC Porto, embora, na tarde anterior à revelação, tenha informado os administradores “Pinto da Costa, Adelino Caldeira e Fernando Gomes” que o iria fazer à noite. “Não fui autorizado nem era preciso”, acrescentando que se limitou a “seguir o interesse público” na divulgação dos emails e que tentou procurar apenas “as tramóias do Benfica”.

Perante as dúvidas manifestadas pelo juiz sobre o critério utilizado na divulgação dos emails, o responsável portista reiterou ter “seguido critérios jornalísticos” e que desconhece de quem partiu a iniciativa de lhe enviar os emails.

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Francisco J. Marques, diretor de comunicação do FC Porto, garantiu ainda que os azuis e brancos não analisaram dados sensíveis do Benfica nos emails que recebeu, escreve esta quarta-feira o jornal Público.

O responsável pela comunicação do clube portista disse ainda que tentou que a fonte anónima que lhe enviava a documentação eletrónica do Benfica a remetesse igualmente para as autoridades. O diretor de comunicação garantiu que foi a Polícia Judiciária a entrar em contacto com ele para analisar os emails e que a primeira entrega da informação às autoridades aconteceu em junho de 2017.

Citado pelo jornal desportivo Record, Francisco J. Marques referiu que recebeu os emails por três vezes, entre os meses de abril e junho de 2017, e que “99% dos 19 gigabytes” que recebeu “eram lixo” ou informação pessoal que não foi revelada.

Confirmando que apenas ele e Diogo Faria “tinham acesso a um computador que se encontrava numa sala fechada”, confessou-se “arrependido” por ter intitulado o livro que ambos escreveram de “O Polvo Encarnado”. Se fosse possível retroceder no tempo, ter-lhe-ia chamado “A Teia do Poder Encarnado”. Da venda do livro, entre 2017 e 2018, disse ter ganho “cerca de 3.500 euros”.

Estamos aqui sentados por o Benfica achar que o FC Porto fez espionagem, quando era o Benfica que o fazia. O Benfica fazia espionagem aos concorrentes e aos árbitros””, acusou Francisco J. Marques.

Por acordo entre o tribunal e os advogados das partes, foi estabelecido o prazo de 10 dias para apresentação por escrito das alegações orais. Decorrido o referido prazo, e não ocorrendo circunstâncias anómalas, será proferida sentença 30 dias após a secção de processos concluir os autos.