O Governo angolano indicou esta quarta-feira que mais de 85% da produção agrícola do país ainda é feita pelas famílias, referindo que o setor, “totalmente diferente de há cinco anos”, regista maior apoio aos empresários e à agricultura familiar. “O apoio que se está a dar à agricultura familiar passa pelo aumento de áreas, preparações de terras, aumento de insumos agrícolas, sementes, fertilizantes a um bom preço e aumento da quantidade de charruas de tração animal”, disse o ministro da Agricultura e Florestas de Angola, Marcos Nhunga.

Falando no final de uma conferência sobre a “Agricultura: do Passado à Atualidade, Principais Constrangimentos e Caminhos a Seguir”, Marcos Nhunga realçou a correção dos solos e a baixa dos preços dos fertilizantes e dos combustíveis como “medidas que no passado não existiam”. Para o governante, que considera que o setor que dirige está “totalmente diferente em relação há cinco anos”, algumas medidas foram já tomadas pelo Governo para se dar “prioridade total à agricultura nacional”.

Entre as medidas, adiantou, as autoridades perspetivam, sem especificar quando, que as Forças Armadas Angolanas (FAA) e a Polícia angolana “sejam abastecidas, prioritariamente, com a produção nacional”. Referiu também que estão a ser tomadas “medidas não proibitivas, de modo que todo aquele que produz em Angola deve vender em território nacional”, mas deixa a nota: “Como se deve entender, o tempo ainda é pouco e temos de trabalhar”.

Marcos Nhunga assumiu que o país “tem produção, mas insuficiente para alimentar todos os angolanos”, afirmando que o grande objetivo é atingir, dentro de quatro ou cinco anos, a “autossuficiência alimentar”, sobretudo nas culturas do milho, feijão, soja e mandioca. “Acreditamos que um país sem autossuficiência alimentar é um país sem uma soberania segura. Estamos a trabalhar e o objetivo do executivo é, primeiro, atingirmos a autossuficiência alimentar, principalmente nas culturas que consideramos de base”, argumentou.

Questionado pelos jornalistas sobre o recorrente problema do escoamento da produção das zonas de cultivo para as grandes cidades, afirmou ser um “problema transversal”, que não depende somente do órgão que tutela. “Pensamos que se deve estruturar bem a questão do stock e estamos a estudar soluções para que se escoe e venda toda a produção”, apontou.

No evento participaram membros do Ministério da Agricultura e Florestas, de organizações da sociedade civil e empresários, que debateram a gestão eficaz dos fatores de produção, modelos da agricultura e elaboração de políticas específicas para o setor.

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