Um entendimento com o principal partido da oposição para concretizar o Brexit vai ser difícil, confessou esta quinta-feira a primeira-ministra britânica, Theresa May, que admitiu realizar uma série de votos para o parlamento decidir o caminho a seguir.

Numa declaração hoje na Câmara dos Comuns, onde atualizou os deputados sobre as conclusões do Conselho Europeu da véspera, que resultou no adiamento da data de saída do Reino Unido da União Europeia (UE) de 12 de abril para 31 de outubro, May defendeu acelerar o trabalho.

“Temos que acelerar o ritmo dos nossos esforços para alcançar um consenso sobre um acordo que seja do interesse nacional”, afirmou.

“Este não é o caminho normal da política britânica – e é desconfortável para muitos, tanto no governo quanto nos partidos da oposição. Chegar a um acordo não será fácil, porque, para ter sucesso, será necessário que ambos os lados façam cedências”, vincou.

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Porém, apesar das críticas de que tem sido alvo por membros do seu partido, reiterou hoje que esta via tornou-se necessária devido ao impasse existente no parlamento, que chumbou três vezes o Acordo de Saída negociado pelo governo com a UE, mas também impediu a saída sem acordo.

“Espero que seja possível chegar a um acordo sobre uma única abordagem unificada que possamos apresentar ao parlamento para aprovação. Mas se não pudermos fazê-lo em breve, então procuraremos chegar a acordo sobre um pequeno número de opções para as relações futuras que colocaremos na Câmara, numa série de votos para determinar qual o caminho seguir”, prometeu.

May propôs também avançar com a discussão da proposta de lei para a Saída da UE, a qual só pode entrar em vigor se um acordo for aprovado, para acelerar o processo, que normalmente demora várias semanas.

“A minha ambição e objetivo ainda é [sair da UE] sem realizar as eleições para o Parlamento Europeu”, reiterou aos deputados.

A resposta de Corbyn

As palavras de May não ficaram sem resposta de Jeremy Corbyn: “As conversas que se realizam entre a oposição e o governo são sérias, detalhadas e estão em curso, e saúdo o empenhamento construtivo até agora”.

Corbyn aplaudiu também sinais do governo para mudar algumas questões que levaram à rejeição do Acordo de Saída pelo partido Trabalhista.

Porém, alertou que, “para estas conversas serem um sucesso, resultando num acordo que possa unir o país de novo, o governo terá que fazer cedências”.

Corbyn reiterou a proposta de negociar uma união aduaneira com a União Europeia (UE), apesar de esta ser criticada por membros do Governo e por May por não permitir que o país possa prosseguir uma política comercial independente.

Quer também garantias de que o acordo que for alcançado não será modificado por um potencial sucesso de Theresa May, que já disse que iria abandonar funções no governo e na liderança do partido Conservador após a ratificação do documento.

“O ‘Labour’ vai continuar a colaborar construtivamente nas negociações porque respeitamos o resultado do referendo e estamos empenhados na defesa de empregos, indústria e níveis de vida através de uma estreita relação económica com a UE e garantindo comércio sem atritos. Se isso não for possível, acreditamos que todas as opções devem permanecer na mesa, incluindo a opção de um voto público”, salientou.

A saída britânica da UE pode ocorrer antes de 31 de outubro se um acordo de saída for entretanto ratificado, ocorrendo “no primeiro dia do mês seguinte à conclusão dos procedimentos de ratificação ou em 01 de novembro de 2019, consoante a data que ocorrer primeiro”, referem as conclusões divulgadas esta madrugada após o Conselho Europeu.