O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, afirmou esperar que o número de efetivos nas Forças Armadas aumente dos atuais 26 mil para 32 mil nos próximos cinco anos, em resultado do “plano de profissionalização” apresentado esta sexta-feira.

“O plano está pensado para cinco anos porque se funcionar como queremos teremos, ao fim de cinco anos, um nível de efetivos nas Forças Armadas que corresponde ao desejável, que é na ordem dos 32 mil, e nós atualmente estamos nos 26 mil”, disse.

Em declarações aos jornalistas, à margem de um seminário dedicado ao tema “Serviço Militar: escolher um futuro”, que decorre em Lisboa, João Gomes Cravinho advertiu que o problema da falta de atratividade e dificuldade de retenção de militares nas fileiras é um problema que se arrasta há “10 ou 15 anos” e não se resolve com “soluções fáceis e uma varinha mágica”.

Atualmente, sublinhou, as Forças Armadas “tem correspondido” ao cumprimento das missões mas “com um grau de esforço superior ao desejável”.

O plano de ação para a profissionalização incide em três eixos: recrutar, reter e reinserir, afirmou o ministro, destacando medidas para a melhoria das condições de habitabilidade nas unidades militares, a compatibilização entre a vida familiar e profissional e para a equivalência da formação recebida na instituição militar e o Sistema Nacional de Qualificações.

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Em termos remuneratórios, João Gomes Cravinho destacou o aumento do valor durante a instrução básica, atualmente menos de 200 euros em média, para o valor do salário mínimo nacional, medida que será aplicada com o Orçamento do Estado para 2020.

Neste campo, o plano de ação prevê ainda estudar a reorganização da estrutura remuneratória da categoria de praças e promover os militares em regime de contrato à data em que reúnem as condições para o fazer.

O ministro da Defesa sublinhou, contudo, que os jovens que optam por uma carreira nas Forças Armadas “são motivados por outros fatores”, para além das condições remuneratórias.

Na sessão de abertura do seminário, o ministro destacou outras medidas como a “possibilidade de os candidatos poderem experimentar o serviço militar durante um período de tempo, sem compromisso”, período que será definido pelos ramos.

“Destacaria a criação da figura dos tutores e dos gestores de carreira e de medidas para melhorar a qualificação dos instrutores e o alinhamento da formação profissional ministrada nas Forças Armadas com o Sistema Nacional de Qualificações”, disse.

O plano de ação para a profissionalização das Forças Armadas partiu de um estudo de “caracterização sociodemográfica e de satisfação organizacional dos militares do regime de voluntariado e de contrato dos três ramos das Forças Armadas”, coordenado pelo Ministério da Defesa e teve a coordenação científica de Helena Carreiras, especialista em sociologia militar, do ISCTE-IUL.