O secretário-executivo da CPLP considerou esta sexta-feira “urgente” a discussão e implementação de medidas que favoreçam a mobilidade dos agentes culturais e uma maior circulação de bens e serviços culturais no espaço da comunidade.

Francisco Ribeiro Telles falava durante a sessão de abertura da XI reunião de ministros da Cultura da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que decorre na capital de Cabo Verde, país que atualmente tem a presidência rotativa da CPLP, com o lema “As Pessoas, a Cultura, os Oceanos”.

“O mercado comum de livre circulação de bens e serviços culturais da CPLP, tema proposto por Cabo Verde para o debate da reunião, deve merecer a nossa maior atenção e compromisso”, afirmou o diplomata.

E sublinhou: “Mais do que oportuno, é urgente, discutir e implementar medidas que favoreçam a mobilidade dos agentes culturais e uma maior circulação de bens e serviços culturais no espaço da nossa comunidade”.

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“Além dos seus benefícios económicos, a intensificação das trocas culturais entre os nossos países é um importante instrumento para a valorização da diversidade que nos constitui e proporcionará o aprofundamento do conhecimento mútuo, reforçando ao mesmo tempo o nosso sentido de comunidade, singular na sua constituição e plural nas suas múltiplas manifestações”, prosseguiu.

Francisco Ribeiro Telles mostrou-se convencido de que durante a presidência de Cabo Verde serão dados “alguns passos significativos no sentido desse desidrato que é a mobilidade”.

Perante os ministros da Cultura da CPLP, e seus representantes, o diplomata recordou a tragédia que assolou Moçambique, recordando as “manifestações de solidariedade e as iniciativas de apoio ao povo e ao Governo” desse país, oriundas dos Estados que compõem a CPLP.

“A própria CPLP criou um fundo especial de apoio a Moçambique que já registou uma adesão muito significativa”, disse.

Francisco Ribeiro Telles deixou uma sugestão aos participantes nesta reunião, no sentido de considerarem “formas de mobilizar os setores de cultura dos países para que, individual ou coletivamente, a área da cultura da CPLP continue empenhada no esforço de auxílio a Moçambique”.

“A nossa solidariedade e ajuda serão necessárias para além do período de emergência humanitária, no processo de reconstrução e normalização da situação no terreno”, disse.

Presente na reunião, o representante do ministro da Cultura moçambicano, Roberto Dov, expressou “o agradecimento e a gratidão” pela ajuda à população vítima da catástrofe provocada pela passagem do ciclone Idai.

“Temos registado o apoio e o carinho proveniente de várias partes do globo”, disse.

A ministra da Cultura de Portugal, Graça Fonseca, disse na sua intervenção que a cultura “pode ser um ótimo instrumento de promoção da paz”.

E apresentou a disponibilidade de Portugal para a realização de uma ligação dos museus no espaço da CPLP, sendo esta uma área de aposta do Governo português, como o demonstra a criação da rede dos museus, que permite o seu funcionamento em rede.

Para o embaixador de São Tomé em Cabo Verde, em representação do Governo são-tomense, a tão discutida mobilidade entre os países da CPLP é ainda “uma miragem”.

A esse propósito, recordou que São Tomé aboliu os vistos para quem queira visitar o país durante 15 dias, situação que não é comum a todos os países da CPLP.

Na sua intervenção inicial, o ministro da Cultura e Indústrias Criativas de Cabo Verde, Abraão Vicente, deixou um apelo, no sentido de “as boas práticas de cada país” serem “as boas práticas de toda a comunidade”.

Durante este encontro, a cidade da Praia e a Cidade Velha serão consagradas “Capitais da Cultura da CPLP”, até o final do período de vigência da presidência rotativa de Cabo Verde, em 2020.

Esta consagração resulta da Declaração da Cultura adotada na Cimeira dos Chefes de Estados Membros da CPLP, em julho de 2018.