A coordenadora do Bloco de Esquerda quer alcançar os 40% de passageiros e mercadorias em transporte ferroviário em Portugal e apontou um investimento anual equivalente a “um terço do que custa, este ano, o buraco do Novo Banco”.

“Aquilo que nós nos propomos é que o nosso país decida fazer nos próximos anos o investimento necessário para chegar aos tais 40% de transporte de mercadorias e de passageiros por ferrovia”, afirmou este sábado Catarina Martins, no Peso da Régua, durante a apresentação do Plano Ferroviário Nacional proposto pelo Bloco de Esquerda.

E, segundo a coordenadora bloquista, o investimento anual necessário para a concretização deste plano “equivale apenas a um terço do que, este ano, custa o buraco do Novo Banco”.

Atualmente em Portugal, de acordo com Catarina Martins, apenas 5% do transporte de passageiros e de mercadorias é feito em comboio.

“Não é assim tanto dinheiro, é uma questão de opção, saber onde é que nós queremos colocar os nossos recursos. Um ano de buraco do Novo Banco, um ano igual ao ano de 2019 no buraco do Novo Banco, dá para três anos do Plano Ferroviário Nacional que o BE propõe”, frisou.

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Depois de décadas “de abandono da ferrovia em Portugal em favor da rodovia”, o BE propõe uma estratégia que aposta no caminho-de-ferro e lança ainda o desafio aos “outros países da União Europeia para que a ferrovia se transforme no transporte mais usado”. Catarina Martins elencou como objetivos deste plano, a concretizar até 2040, a coesão territorial, a mobilidade, as questões ambientais, o emprego e o aumento da capacidade produtiva do país.

“O transporte coletivo de ferrovia é a única forma de termos uma redução efetiva e rápida das emissões de gazes com efeito de estufa. Não basta boas intenções e assinar papéis, é preciso ações concretas”, frisou. Explicou ainda que o projeto do BE prevê um “aumento da capacidade produtiva nacional, nomeadamente utilizando as oficinas da Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário (EMEF) que têm sido desqualificadas para permitir a construção de material circulante necessário”.

Catarina Martins disse que “houve um projeto claro de desmantelar a ferrovia em todo o país e criar a rodovia com as suas Parcerias Público-Privadas, com as suas portagens e com o preço incomportável dos combustíveis para as pessoas que vivem no Interior”.

Explicou ainda que o BE escolheu a estação de Peso da Régua, distrito de Vila Real, na Linha do Douro, para apresentar o projeto de lei que vai ser entregue na Assembleia da República, porque é um exemplo do desinvestimento. A Linha do Douro atualmente liga apenas até ao Pocinho e os seus ramais, como a linha do Corgo, do Tua ou Sabor, foram desativados.

A proposta do Bloco passa pela construção de uma terceira travessia do Tejo, exclusivamente ferroviária, para transporte de passageiros e mercadorias, a quadruplicação total da Linha do Norte e um novo eixo do interior.