O presidente do Governo italiano, Giuseppe Conte, advertiu para a possibilidade de a escalada de violência na Líbia provocar uma crise humanitária e uma chegada massiva de migrantes à costa italiana.

“Existe um risco sério de se produzir uma crise humanitária que acabe por extenuar uma população já exausta por oito anos de instabilidade” afirmou Giuseppe Conte numa entrevista publicada este sábado no diário “Fatto Quotidiano”.

Em concreto, o chefe do Governo italiano avisa que “caso rebente um conflito armado” poderá interromper-se a via da Líbia para os migrantes provenientes de África, uma vez que serão os próprios líbios a tentar escapar do país de forma massiva.

Portugal vai acolher dez dos 64 migrantes “presos” no Mediterrâneo há dez dias

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“Isso representaria um sério teste ao sistema de acolhimento a nível europeu, que não funciona e que temos tentado mudar em Bruxelas”, adiantou o chefe do Governo formado pela coligação entre a Liga e o Movimento 5 Estrelas.

Numa entrevista também publicada este sábado, mas no jornal “Corriere della Sera”, a ministra da Defesa italiana, Elisabetta Trenta, rejeitou, por seu lado, qualquer tipo de intervenção militar na Líbia para “evitar os horrores do passado”, acrescentando que com um conflito armado é “possível” registar-se “uma nova onda de migrantes” semelhante à observada com a intervenção militar em 2011.

A governante apela que se responda a esta crise “com cabeça” e que se trabalhe com o objetivo de alcançar “um verdadeiro processo de reconciliação nacional”.

Itália decidiu encerrar os seus portos à entrada de migrantes resgatados por navios humanitários.

Este sábado foi anunciado um acordo entre Portugal, Alemanha, França e Luxemburgo, coordenado pela Comissão Europeia, para acolher os 64 migrantes “presos” no Mar Mediterrâneo há 10 dias, a bordo do navio humanitário “Alan Kurdi”.