A Juventus entrava em campo frente à SPAL, que atualmente tenta fugir da zona de despromoção da Serie A, com a certeza de que bastava um empate para garantir o oitavo título consecutivo de campeã italiana. Cristiano Ronaldo nem sequer estava convocado e uma vitória assegurava uma vantagem de (pelo menos) 20 pontos em relação ao Nápoles, quando ainda faltam seis jornadas para o final do campeonato italiano. Mas a equipa de Allegri esqueceu-se de contar com a SPAL, que luta por todos os pontos como se se tratassem dos últimos.

Cristiano, que regressou da lesão para marcar e empatar com o Ajax em Amesterdão, foi poupado por Massimiliano Allegri — numa decisão claramente já a pensar no jogo da segunda mão dos quartos da Champions com os holandeses, na próxima terça-feira. O treinador da Juventus pediu, aliás, à Direção do clube que não existissem grandes festejos caso a equipa se tornasse campeã italiana já este sábado por querer que os jogadores estejam totalmente concentrados na receção ao Ajax, a meio da semana.

Na ausência do português e ainda de Mario Mandzukic e Pjanic, também eles poupados, Moise Kean e Dybala formaram a dupla de ataque na frente. A Juventus entrou em campo com o onze mais jovem desde outubro de 1998, há mais de 20 anos: com uma defesa a três, Gozzi, Barzagli e De Sciglio (Bonucci estava no banco e Chiellini está lesionado), e com uma linha de cinco no meio-campo, com João Cancelo no corredor direito, Spinazzola na esquerda e Kastanos, Bentancur e Cuadrado na faixa central. No banco, também a descansar, estavam Alex Sandro, Bernardeschi, Khedira e ainda o guarda-redes Szczesny, que era substituído por Mattia Perin. Na baliza da SPAL estava Emiliano Viviano, guarda-redes emprestado pelo Sporting à equipa italiana.

A SPAL até começou melhor, com algumas oportunidades sempre a partir do corredor direito, onde Cionek e Lazzari procuraram tirar cruzamentos largos à procura de Floccari ou Petagna. A Juventus mostrou algumas dificuldades em reter o controlo do jogo e a posse de bola, principalmente no meio-campo, e Dybala e Kean pareciam algo perdidos na frente de ataque, sem serem alimentados pelo setor intermédio e sem conseguirem intrometer-se no espaço entre linhas. Foi no melhor período da SPAL, porém, que a Juventus acabou por chegar ao golo. João Cancelo repetiu um movimento que fez muitas vezes ao longo do jogo, a sair do corredor em direção à faixa central com a bola controlada, e rematou de pé esquerdo; o remate ia sair muito ao lado da baliza de Viviano mas Moise Kean, de forma totalmente oportuna, desviou para golo e inaugurou o marcador (29′).

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A equipa de Allegri foi para o intervalo a ganhar mas regressou para a segunda parte para enfrentar uma SPAL que voltava para colocar em prática o futebol que tinha deixado em campo até ao golo de Moise Kean. O conjunto orientado por Leonardo Semplici controlou quase por completo os minutos iniciais do segundo tempo e acabou por chegar ao empate através de um pontapé de canto batido na direita. Bonifazi foi mais forte do que Kastanos e apareceu ao primeiro poste a cabecear de cima para baixo, como mandam as regras, sem hipótese para Perin (49′).

A SPAL, que luta para sair dos lugares de despromoção da Serie A, controlou a Juventus durante largos minutos e a equipa de Allegri só deu sinais de vida ao minuto 66, quando o jovem Nicolussi, que entretanto já tinha entrado para o lugar de Kastanos, rematou de muito longe para uma boa defesa de Viviano. Numa fase em que a Juve até já tinha colocado algum gelo no encontro para tentar manter um empate com sabor a vitória, o capitão Floccari surgiu na cara de Perin a fazer o segundo da SPAL, a completar a reviravolta no resultado e a adiar a festa da equipa de Turim.

Mesmo com a derrota frente à SPAL, a Juventus ainda pode tornar-se campeã italiana esta jornada, caso o Nápoles não vença este domingo o Chievo. Se a equipa de Carlo Ancellotti bater o último classificado da Liga italiana, a festa de Cristiano Ronaldo e companhia fica adiada para o próximo sábado, em casa, quando a Juventus receber a Fiorentina. A comemoração e o recorde histórico do português, que está prestes a tornar-se o primeiro jogador de sempre a sagrar-se campeão em Inglaterra, Espanha e Itália.