O Conselho Militar que governa o Sudão desde a destituição do presidente Omar al-Bashir designou este domingo um novo diretor dos serviços secretos e demitiu o ministro da Defesa, o chefe de Estado-maior do Exército e o embaixador em Washington.

O anúncio do general Abu Bakr Dambalab como novo diretor dos serviços secretos foi feito numa conferência de imprensa para dar conta da saída do ministro da Defesa, Awad Ahmed Benawf, e do chefe de Estado-Maior do Exército, Camal Abdel Maaruf, e da demissão do embaixador em Washington, o general Mohamed Attal-Moula Abbas.

De acordo com o porta-voz do Conselho Militar, está a ser avaliada a situação de outros embaixadores noutros países, acrescentando que têm tido encontros diplomáticos com representantes de países árabes, entre os quais a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos e o Qatar, países africanos como a Etiópia e o Sudão do Sul, ou representantes dos Estados Unidos e da denominada troika, com os Estados Unidos, a Noruega e o Reino Unido.

Em relação ao novo diretor dos serviços secretos, Dambalab foi nomeado pelo chefe do Conselho Militar Transitório, o general Abdel Fattah al-Burhane, depois de ter sido promovido na hierarquia militar e em substituição de Salah Gosh, que apresentou a sua demissão na sexta-feira à noite. Contrariamente a Salah Gosh, o novo responsável pelos serviços de informação sudaneses tem formação e carreira militar.

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Dambalab teve um cargo no Ministério dos Assuntos Externos e foi cônsul da embaixada sudanesa no Cairo, no Egito, antes de dirigir vários departamentos dentro dos serviços de informação, incluindo os serviços secretos externos.

Salah Gosh apresentou a demissão depois de ter liderado a repressão contra os manifestantes que pediam a saída do presidente al-Bashir, que foi finalmente afastado do poder pelos militares depois de quase quatro meses de protestos nas ruas.

Os manifestantes e os grupos da oposição pediam a saída do chefe dos serviços secretos, bem como a dissolução daquele organismo, responsável por perseguir e prender dissidentes e ativistas, e com um amplo histórico de abusos dos direitos humanos.

O Conselho Militar está a tentar responder às exigências dos manifestantes e negociar com a oposição, mas já alertou que a sua prioridade é manter a segurança e a estabilidade do país.