O presidente da Comissão Europeia disse esta terça-feira, em Estrasburgo, que “não há Estados-membros de segunda categoria”, mas defendeu que os 27 têm direito a reunir-se sem o Reino Unido para discutir os desafios futuros, apontando o Eurogrupo como exemplo.

Num debate no Parlamento Europeu sobre os resultados do Conselho Europeu extraordinário de 10 de abril, no qual foi decidida uma extensão flexível da data de saída do Reino Unido do bloco europeu até 31 de outubro, Jean-Claude Juncker sublinhou que “o Brexit não pode e não vai entravar o trabalho” da União Europeia, que tem pela frente, nos próximos meses, “desafios estratégicos”, que deve discutir sem o Reino Unido na sala.

Apontando que o Reino Unido, enquanto permanecer no bloco europeu, deve à União Europeia uma “cooperação construtiva, responsável e leal”, tal com está consagrado nos Tratados, o presidente do executivo comunitário realçou, por outro lado, o direito dos 27 a trabalharem sem o envolvimento dos britânicos em questões sobre o futuro.

“Não há Estados-membros de segunda categoria, mas se um Estado-membro decide deixar a UE, os 27 outros devem ter o direito de se reunir separadamente sobre as questões futuras. Isto não é uma novidade: em 1997, enquanto presidente do Conselho (enquanto primeiro-ministro do Luxemburgo), lancei o Eurogrupo, contra a opinião dos britânicos, dinamarqueses, suecos, entre outros”, apontou.

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Argumentando que o fórum informal de ministros das Finanças da zona euro, hoje presidido pelo ministro português Mário Centeno, foi criado para que aqueles que estavam diretamente envolvidos na construção da moeda única pudessem discutir entre si, Juncker comentou que “os resultados foram apreciáveis”.

No mesmo sentido, disse, os 27 devem poder discutir entre si – sem o Reino Unido, em vias de abandonar o bloco europeu – os desafios estratégicos, e, entre as prioridades para os próximos meses, destacou a cimeira informal de Sibiu (Roménia), em 09 de maio, para discutir uma “orientação estratégica para os anos seguintes”, assim como as negociações sobre o próximo orçamento comunitário plurianual, acordos comerciais com os grandes parceiros internacional, além da eleição dos futuros dirigentes da União na sequência das eleições europeias.

“Tudo isso é mas importante que as peripécias que gravitam em torno do ‘Brexit’. A Europa continua”, concluiu.