Na altura foi considerado o acidente com autocarros mais mortífero da ilha da Madeira. No verão de 1984, um autocarro do serviço público teve um problema com os travões na íngreme Rua Pedro José de Ornelas, no Funchal, recorda o Diário da Notícias da Madeira. Acabou por chocar contra uma árvore.

Os números de vítimas mortais e de feridos são, até hoje, incertos. Logo depois do desastre, no dia 20 de junho de 1984, o Jornal da Madeira falava em oito vítimas mortais e 28 feridos — dos quais três estavam em estado crítico. Outras notícias que foram sendo escritas depois não são precisas: falam apenas de mais de uma dezena de mortos.

A capa do Jornal da Madeira, a 20 de junho de 1984 (MADEIRA QUASE ESQUECIDA/FACEBOOK)

Este acidente foi recordado em 2005, quando, no dia 23 de dezembro, um autocarro que transportava 51 turistas italianos capotou ao entrar numa rotunda no sítio do Laranjal, em São Vicente, na zona norte da ilha da Madeira. Fazia o transporte dos turistas para o porto do Funchal, onde iriam embarcar novamente no navio de cruzeiros Costa Clássica, da empresa Costa Crociere — o mesmo navio que os tinha trazido de Tenerife, nas ilhas Canárias. Para esse dia, estava prevista uma viagem até Málaga, em Espanha, antes do regresso a Génova, em Itália.

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Cinco italianos — quatro mulheres e um homem — morreram e 46 ficaram feridas. Entre os três feridos graves estava um bebé de nove meses. Os cadáveres foram identificados pouco depois. No dia 26 de dezembro, foram divulgados os seus nomes: Roberta Pascoalini, Elda Scarpellini, Therese Giovine, GianFranco Ghini e Nives Cimolino.

Foi etn aberto um inquérito interno pela administração da Horários do Funchal, uma empresa pública de transportes. O condutor do veículo, Eusébio Ribeiro, tinha 20 anos de experiência, mas encontrava-se alcoolizado no momento do acidente. O teste de sangue a que foi submetido no hospital acusava uma taxa de 2.89 g/l de álcool, noticiava o jornal Público.

Madeira. As imagens aéreas que mostram o autocarro e as operações de socorro

Entretanto, vários turistas que estavam no autocarro e que sofreram ferimentos foram prestando declarações às autoridades, no âmbito da investigação. O motorista foi acusado por vários turistas de conduzir a uma velocidade excessiva. Eusébio Ribeiro foi suspenso de funções e constituído arguido pelo Ministério Público, tendo-lhe sido aplicada a medida de coação de termo de identidade e residência.

Entre este acidente de 2005 e o que ocorreu esta quarta-feira, passaram 14 anos. Já 29 pessoas morreram na sequência deste último — podendo assim vir a tornar-se o acidente a envolver autocarros mais mortífero da ilha da Madeira. Também este transportava turistas, mas de nacionalidade alemã. Pouco ainda se sabe sobre as circunstâncias em que aconteceu o acidente, tendo sido aberto um inquérito pelo Ministério Público para as apurar.

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