O ABC tinha esta semana um título que resume uma parte da derrota da Juventus com o Ajax nos quartos da Liga dos Campeões, já depois da humilhação imposta pelos holandeses no Santiago Bernabéu na ronda anterior: “Ronaldo e Real Madrid, o divórcio mais ruinoso do futebol moderno”. E o resumo da ideia é relativamente fácil de fazer – o avançado está a marcar muito menos do que marcava em Espanha, os merengues deixaram de estar na luta por troféus e vão terminar a época a zero. Ainda assim, a saída do português da capital espanhola representou muito mais do que uma mera transferência de clube. Foi uma aposta pessoal, por crença num novo projeto e desilusão com aquele onde estivera antes nove anos. Que, no primeiro ano, falhou.

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Olhando apenas para a perspetiva individual, e apesar de ser provavelmente a época com menos golos desde 2009 quando se transferiu de Manchester para Madrid (a não ser que de repente surja uma veia goleadora atípica nas últimas jornadas da Serie A), foi uma época positiva para Ronaldo. Demorou alguns jogos até entrar na dinâmica de uma nova realidade e um futebol com características muito próprias, mas melhorou e bateu alguns recordes de golos em época de estreia. Nos momentos decisivos, não falhou: decidiu a Supertaça, conseguiu um fantástico hat-trick que virou os oitavos da Champions com o Atl. Madrid, marcou nos dois jogos dos quartos com o Ajax. No entanto, os resultados coletivos colocaram até a sua continuidade em causa.

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A Juventus voltou a conquistar o Campeonato (oitavo consecutivo), ganhou a Supertaça e falhou apenas na Taça de Itália, caindo nos quartos com a grande sensação Atalanta – que, recorde-se, motivou logo aí reuniões entre altas patentes, no final de janeiro. Mas tudo girava em torno da Liga dos Campeões e foi para isso que, mesmo prescindindo por exemplo da luta pelo título de melhor marcador da Serie A ao ficar de fora em alguns jogos que lhe podiam valer outros números (Quagliarella lidera com 22, o português tem 19 e pelo meio ainda há Piatek com 21 e Zapata com 20), Ronaldo se preparou. Nesses encontros, não falhou. Ao contrário da equipa. E todo o projeto futebolístico liderado por Allegri em 2018/19 ficou a meio.

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Muito se falou (e especulou) ao longo dos últimos dias, com o La Repubblica e o Corriere della Sera a escreverem que Ronaldo, com contrato com a Vecchia Signora até 2022, poderia sair no final da temporada de 2019/20. Ponto importante para essa decisão? A trajetória da equipa na Liga dos Campeões. Também por isso, a próxima época será decisiva para o futuro do jogador português e da própria Juventus, numa altura em que o avançado já tem 34 anos, fazendo 35 em fevereiro de 2020.

De acordo com a Gazzetta dello Sport, os bianconeri prepararam uma renovação do plantel com várias aquisições para todos os setores da equipa. Aaron Ramsey, médio galês do Arsenal, será a primeira entrada confirmada a custo zero mas não ficará por aí, falando-se de nomes como De Ligt (Ajax), Romero (Génova), Umtiti (Barcelona), Rúben Dias (Benfica), Chiesa (Fiorentina), Salah (Liverpool), Icardi (Inter), Zaniolo (Roma) e João Félix (Benfica) como possibilidades para reforçar a defesa e o ataque. Em relação a Allegri, tudo na mesma: técnico e presidente garantem que vai ficar. Ainda assim, ninguém dá como certo a 100% esse cenário e volta a falar-se na possibilidade de Conte para regressar ao clube onde foi campeão europeu como jogador.

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Para Ronaldo, o ano de 2020 vai coincidir com as primeiras despedidas da alta competição. Em caso de apuramento, o capitão da Seleção Nacional fará o último Campeonato da Europa (que lhe valeu o grande título pelo seu país, na anterior edição) – ir ou não ao Mundial de 2022, que se realizará no Qatar, é ainda uma dúvida. Antes, tudo igual às expetativas desta temporada à espera de um desfecho diferente: ganhar o Campeonato, ganhar a Taça de Itália, ganhar a Supertaça e… ganhar a Liga dos Campeões, tornando-se nesse cenário apenas no segundo jogador da história a vencer por três equipas diferentes (o outro é Seedorf). Se assim não for, muito dificilmente CR7 cumprirá uma das suas grandes ambições: conquistar sete Bolas de Ouro.

“Foi uma temporada muito boa. Ganhámos a Supertaça e o Scudetto. Parece fácil, mas não é. É muito difícil ganhar uma prova de temporada. Estou muito contente, tenho um sentimento de felicidade e alegria. Merecemos ganhar porque fomos os melhores”, comentou Ronaldo à Sky, já depois de ter garantido à DAZN que vai ficar na Juve na próxima época “a 1.000%”.

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