Rui Lucas e a mulher, Sílvia, estavam de lua-de-mel no Sri Lanka e tinham casado há uma semana.  O português é uma das vítimas mortais dos ataques no Sri Lanka e, como avançou o Observador, é natural de Viseu. A mulher do português continua no país e pediu ao Governo ajuda para “regressar rapidamente” a Portugal. O casal estava hospedado no Hotel Kingsbury, em Colombo, um dos hotéis que foi alvo de ataques bombistas.

O português era técnico de automação e energia na empresa T&T multielétrica. O dono da empresa, Augusto Teixeira, recorda o empregado, em declarações ao Observador, como uma “pessoa extremamente dedicada, disponível a 100% para a empresa e para quaisquer projetos em que se envolvesse e com valores humanos que são difíceis de encontrar nas pessoas“. O empresário conheceu Rui Lucas em 2013, quando o jovem foi entrevistado para um cargo na empresa, acabando por ser selecionado.

Augusto Teixeira contou também que o jovem e a mulher, Sílvia, gostavam “muito” de viajar e “normalmente, faziam-no todas as férias”. O dono da empresa recordou até, ao Observador, um episódio que aconteceu “há certa de dois anos”, em que ambos marcaram férias na mesma altura, para o mesmo destino, sem saber. “Estava numa esplanada, no sul de Espanha, e ele apareceu, de repente. Tocaram-me no ombro e era ele. Foi uma coincidência”, contou.

O empresário não sabia que Rui Lucas estava a passar a sua lua-de-mel no Sri Lanka. Por isso, quando viu as notícias esta manhã não pensou sequer na possibilidade de o seu funcionário poder estar entre as vítimas. “Mas, passado um pouco, um colega perguntou-me se sabia alguma coisa dele. Contou-me que ele estava lá, que havia um vítima mortal portuguesa e que era de Viseu”, contou, acrescentando: “Era muita coincidência. Ainda por cima diziam que [a vítima mortal portuguesa] estava de lua-de-mel“. Augusto Teixeira ficou “completamente chocado” com a notícia.

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O secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, falou com a mulher da vítima logo pela manhã e garantiu-lhe todo o apoio possível. O governante foi questionado esta manhã por uma jornalista da TVI sobre se o casal estava em lua-de-mel, mas José Luís Carneiro não confirmou nem negou a informação — que seria horas depois confirmada pelo Correio da Manhã e pelo Jornal de Notícias. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, também ligou à viúva a dar-lhe conforto e um sinal de apoio.

A cônsul portuguesa no Sri Lanka, Preenie Pine, está a dar apoio à portuguesa e a tentar colocá-la num voo de regresso. José Luís Carneiro lembra que os voos estiveram suspensos naquele país, mas que assim que for possível, o próprio Estado português vai assumir a marcação e o pagamento da viagem de regresso. Também a transladação do corpo e os custos a ela associados serão garantidos pelo Estado português.

Houve uma segunda família portuguesa que estava no Sri Lanka, composta por quatro pessoas, que contactou o secretário de Estado com pedidos de ajuda. Essa família está segura.

A agência Lusa falou também com uma família (que não se sabe se é a mesma que foi referida pelo secretário de Estado) que estava a tentar chegar ao aeroporto horas antes do voo para não ficarem sujeitos às regras do recolher obrigatório. Trata-se de um casal que viajou com os filhos. Foi precisamente uma filha, Ana Inácio, que explicou à Lusa que os pais, que tinham previsto sair do país à meia-noite, iriam para o aeroporto “várias horas antes”, para poder evitar o recolher obrigatório.

“Só têm voo à meia-noite de hoje, mas vão ver se conseguem partir para lá já e não ficarem em terra. O nosso hotel em Negombo informou-nos que o recolher obrigatório é a partir das 18:00 e até as seis da manhã de amanhã [segunda-feira] e ninguém está autorizado a circular no Sri Lanka”, disse a filha do casal que está a terminar um curto período de férias no país.