O Salão de Nova Iorque teve surpresas de todos os tipos, dos automóveis mais acessíveis aos modelos mais dispendiosos, passando pelos mais desportivos e potentes, mas também pelos mais espaçosos e familiares. E se havia veículos apaixonantes, um deles foi criticado por ser particularmente feio. A estética é algo muito pessoal, pois o que alguém detesta pode ser apreciado por outros. Em último caso, o que interessa mesmo, quando se produz um novo veículo, é determinar se, no final, haverá clientes suficientes para adquirir – e de preferência rapidamente – toda a produção.

O modelo que suscitou tanta repulsa foi o Karlmann King – basta ler Jalopnik, que tanto ofende o fabricante como os seus potenciais clientes –, SUV de que falámos no início de 2018. Embora com uma produção limitada a 10 unidades, a Karlmann decidiu levar o King a Nova Iorque, talvez porque ainda não tenha conseguido escoar todos os exemplares deste “espécime”. O que não admira, uma vez que cada SUV é transaccionado por 2,2 milhões de dólares, cerca de 1,9 milhões de euros, um valor bastante superior ao que a marca exigia há 12 meses.

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O Karlmann King foi desenhado como de fosse um avião caça furtivo, daqueles que não é “apanhado” pelos radares. Cheio de ângulos e de dimensões monstruosas, o curioso é que o King não passa despercebido mesmo a um míope. Propriedade dos chineses da IAT, mas concebido e fabricado na Europa, não nos parece que tenha sido a estética a irritar mais os jornalistas americanos. A explicação para o desagrado deverá ser encontrada junto do facto de, apesar do preço elevado, o King ser na realidade uma pick-up Ford F550, um modelo considerado pela marca americana como Heavy  Duty, com um peso de 3.900 kg. E todos sabemos o eficaz que são, em termos de conforto e comportamento, os chassis de longarinas dos camiões.

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Outro detalhe que não deverá ter caído bem junto dos visitantes do salão foi a mecânica, pois quem paga 2,2 milhões de dólares exige um motor com mais nobreza do que o 6.8 V10 a gasolina, com 367 cv. Potência que pode impressionar num Focus, mas não num monstro que pesa 5 toneladas na versão normal, e 6,6 se for blindado. Isto, aliado ao comportamento menos eficaz, explica que o Karlmann King não passe dos 140 km/h, com a aceleração de 0-100 km/h a ser medida quase em minutos…

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Outro “contra” deste SUV com ar ameaçador residirá na sua duvidosa qualidade de construção. Com um habitáculo concebido para apenas quatro adultos, o King oferece espaço e pele – mesmo de crocodilo, para deixar os ambientalistas furiosos –, mas os acabamentos não impressionavam após uma análise mais minuciosa. E os faróis também tão, pois o modelo exposto tinha um deles convertido num aquário, tal a quantidade de água que entrou na lavagem. Mas se os chineses da IAT aplicarem a conhecida máxima que diz que o mais importante não é que falem bem de um produto, o que interessa é que falem, é possível que estejam satisfeitos.