O ministro da Economia disse esta quarta-feira, no parlamento, que o Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) vai publicitar no estrangeiro ofertas de trabalho em Portugal, considerando que a falta de mão-de-obra é dos principais problemas das empresas.

“A falta de mão-de-obra é a principal preocupação dos empresários em todas as regiões e em quase todos os setores”, afirmou Siza Vieira na audição na comissão de Economia, em Lisboa, acrescentando que para colmatar essas falhas o Governo está a trabalhar para captar mais trabalhadores lá fora.

Uma das medidas avançadas passa por o IEFP “publicitar ofertas de empresas em Portugal”, referiu aos deputados.

Já no fim da audição, em declarações à Lusa, Siza Vieira explicou que “a ideia é fazer chegar as ofertas de emprego ao exterior”, seja a locais “onde se concentrem comunidades portuguesas”, seja noutros locais onde “seja possível encontrar mão-de-obra para vir trabalhar em Portugal”.

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Contudo, explicou, tal não passa por abrir escritórios de representação do IEFP lá fora, não dando mais detalhes de como este programa funcionará.

Ainda na audição parlamentar, o ministro adiantou que o Governo está a trabalhar para “conseguir aligeirar, simplificar os processos de vistos” para ser mais fácil estrangeiros trabalharem para Portugal.

O governante exemplificou com a flexibilização do programa ‘Tech Visa’, para atração de trabalhadores qualificados.

Já anteriormente nesta audição, o ministro Adjunto e da Economia tinha referido que uma das queixas mais frequentes dos empresários portugueses é a dificuldade em encontrar recursos humanos com as qualificações de que necessitam, o que levou o deputado do Bloco de Esquerda Heitor de Sousa a observar que essas queixas surgem porque os mais qualificados não aceitam trabalhar com os salários que esses empresários lhes oferecem.

Siza Vieira considerou que a recuperação dos salários que se tem observado nos últimos anos não é ainda suficiente e que é necessário fazer mais para reter e atrair recursos humanos.

“Se há seis ou sete anos os portugueses partiam porque não tinham emprego, hoje continuam a partir, embora muito menos, porque não encontram condições de trabalho e salários adequados às suas qualificações e justas aspirações”, referiu Pedro Siza Vieira na Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas.

Segundo o governante, o salário médio “começa finalmente a recuperar, mas não é ainda o suficiente”, sendo necessário fazer um esforço maior no apoio ao crescimento da produtividade e da inovação, de forma a criar condições que aumentem os salários.

“Ou conseguimos encontrar uma forma de o nosso tecido empresarial tratar adequadamente os nossos recursos humanos, designadamente ao nível remuneratório, ou então vamos confrontar-nos com a indisponibilidade de recursos humanos”, precisou.

Pedro Siza Vieira salientou que, para o Governo, é claro que o modelo de desenvolvimento não pode passar pela desvalorização do fator trabalho e apontou o caso do Vale do Ave, onde as empresas que enfrentam algumas dificuldades são as que apostam em baixos salários e que estão a ver os seus negócios “escapar-se para outros países”.

Ainda na audição desta quarta-feira na comissão parlamentar, o ministro considerou que Portugal precisa de reduzir as necessidades energéticas e a dependência dos combustíveis fósseis, e que o caminho das energias renováveis é decisivo.

O governante falou, também, sobre a sustentabilidade da Segurança Social, notando que passa pela diversificação das fontes de receita e que não pode ser apenas uma responsabilidade do trabalhador.