O duelo pela liderança da direita, que opõe Albert Rivera (Ciudadanos) e Pablo Casado (PP), dominou o debate, desta terça-feira, em Espanha, deixando espaço para Pablo Iglesias (Unidos Podemos) apresentar as suas propostas e Pedro Sánchez (PSOE), respirar um pouco, interpreta o jornal El País, mais próximo do atual primeiro-ministro espanhol. Os jornais espanhóis La Vanguardia e Público seguem a mesma ideia de disputa da direita, mas o jornal ABC preferiu criticar a moderação do debate referindo que foi “à medida” de Sánchez.

Do outro lado, o dos órgãos de comunicação social vive-se outra batalha: a das audiências. O debate de terça-feira foi transmitido pelos canais Antena 3 e La Sexta, ambos da Atresmedia, e tiveram em conjunto uma audiência de 9.477.000 telespectadores, contra os 8.800.000 telespectadores que assistiram ao debate de segunda-feira, na RTVE, segundo dados da consultora Barlovento, citados pelo El País.

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Pablo Casado estava tão focado em atacar Albert Rivera que pouco se concentrou em Pedro Sánchez, referiu o jornal El País. Rivera, por sua vez, desferiu mais golpes sobre o atual primeiro-ministro, mas desta vez também recebeu mais ataques. O jornal El Mundo, por sua vez, diz que o debate foi mais duro e amargo que o de segunda-feira. O jornal ABC concorda que a postura de um debate para o outro mudou em 24 horas tornando-se “áspero e vacilante”. Áspero, nervoso e com golpes baixos, referiu o jornal El Periódico. O jornal La Vanguardia, num dos seus artigos, prefere classificar o debate como uma “comédia sem macho alfa”.

Lola García, numa opinião para o jornal La Vanguardia, destacou as “alegadas mentiras”. Curiosamente, Sánchez chamou várias vezes mentirosos aos outros candidatos. O jornal El País fez mesmo um trabalho de verificação de mais de 25 frases dos candidatos.

“Alguém disse que nem todos os que estão a dizer algo falso estão a mentir. Não mente se acreditar que está a dizer a verdade. É difícil acreditar que os candidatos que ontem participaram no segundo debate desta campanha estejam realmente convencidos de que tudo o que disseram sobre os seus oponentes esteja honestamente correto. Porque se assim foi, vivem numa bolha política muito impermeável”, escreveu Lola García.

Oito politólogos, consultores e professores consultados pelo El País consideram que Pablo Iglesias, usando de um tom moderado e tentando roubar eleitores ao PSOE, foi o verdadeiro vencedor deste debate, tendo Albert Rivera saído como o principal derrotado, por manter uma postura irada e não corresponder às expectativas. Rafa Latorre, numa opinião para o jornal El Mundo, concorda que Iglesias esteve “excecional” ao contrário dos restantes candidatos: Sánchez “não fez outra coisa que defender-se” e Casado apareceu “sem garra”. O diretor do jornal Español, Pedro J. Ramírez, entende que só parece que Iglesias se saiu bem, porque Sánchez estava muito nervoso. “Que perigo que a debilidade de Sánchez seja a força de Iglesias.”

As votações dos leitores nos vários jornais mostram um maior equilíbrio na votação de quem terá ganho o debate desta terça-feira.

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