A poucos dias das eleições gerais em Espanha, o Facebook eliminou várias contas de extrema-direita que partilhavam conteúdos para cerca de 1,7 milhões de utilizadores espanhóis. Apesar de a rede social ter referido, em comunicado citado pelo The Guardian, que a eliminação destas contas teve como motivo “os seus comportamentos e não o conteúdo que colocavam”, a decisão surge depois de a organização não governamental Avaaz ter enviado um relatório à empresa de Mark Zuckerberg onde revela a suspeita da partilha de conteúdos “anti-imigração, anti-LGBT, anti-islão, anti-feminista e outros conteúdos divisivos” nestas contas, bem como de informações falsas.

Entre as contas bloqueadas estão a Unidad Nacional Española, que tinha mais de 700 mil seguidores, outra conta semelhante (Unidad Nacional Española E), com mais de 35 mil gostos, e contas intituladas de Orgullo nacional, Ejército español, Adelante España e Barcelona se queda em España. No total, estas contas geraram mais de 7 milhões de interações. 

“O Facebook fez um ótimo trabalho em atuar rápido, mas estas contas são provavelmente apenas a ponta do iceberg da desinformação — e se o Facebook não agir mais, estas operações podem afundar a democracia no continente”, referiu Christoph Schott, diretor da Avaaz, citado num comunicado enviado esta quarta-feira.

O relatório da Avaaz mostra exemplos de publicações que estas páginas partilhavam, que incluíam informações sobre estrangeiros cometerem a maior parte das violações em Espanha, notícias falsas sobre líderes pró-independência da Catalunha e várias publicações que tinham como alvo o partido de esquerda Podemos, incluindo uma montagem com a cabeça de Pablo Iglesias no corpo de Hitler a fazer uma saudação nazi.

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Há também várias imagens no relatório que mostram como estas contas difundiam todas exatamente o mesmo conteúdo. “Como noutros casos, removemos essas contas com base no comportamento delas, não no conteúdo que elas postaram. Algumas páginas adicionais também foram desativadas porque foram administradas apenas por contas falsas”, argumentou o Facebook.

No relatório, surgem várias imagens que mostram publicações com exatamente o mesmo texto partilhado pelas várias contas

O relatório da ONG detetou apenas um único coordenador da conta Unidad Nacional Española: Javier Capdevilla Grau, um militante de extrema-direita que explicou ao El País que nunca criou contas falsas nem várias páginas com o mesmo nome, acreditando que se trata de um ato de censura. “Penso que me impediram para que não possa influenciar estas eleições”, argumentou, defendendo ainda que é “uma pessoa moderada e respeitosa” e que as publicações que fez “nunca foram suscetíveis de serem censuradas”.

Ainda esta semana, recorde-se, também a conta do WhatsApp do Podemos foi bloqueada por violar as regras e condições do serviço de mensagens instantâneas.

Whatsapp bloqueia conta do Podemos a cinco dias das eleições

Uns dias antes, o Facebook anunciou que baniu várias contas e grupos no Reino Unido que tinham ligações a movimentos de extrema-direita. Neste caso, a rede social justificou a medida argumentando que ideias que “espalham o ódio” não podem lá entrar.

As eleições em Espanha decorrem este domingo e todas as sondagens dão vitória, mas não maioria absoluta, ao PSOE de Pedro Sánchez.

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