A BBC não tem propriamente dotes de adivinha mas a forma como abordou o Grande Prémio de Azerbaijão não podia estar mais perto do que aconteceria na realidade. Ora então vejamos. “Charles Leclerc podia ter conquistado a pole position se não sofresse o acidente na qualificação? Pode o piloto da Ferrari ganhar ainda a corrida apesar de sair do oitavo lugar? A resposta à primeira pergunta nunca será conhecida; a segunda será respondida domingo mas, apesar de sair da décima posição, não pode ser algo que se coloque completamente de parte”. E o monegasco, mesmo fora do pódio, foi um dos protagonistas do dia.

“Não tenho desculpas para o acidente. Farei de tudo para ter uma corrida melhor amanhã. Peço desculpas a todos aquelas que nos apoiam e também à equipa que merecia muito melhor”, comentou o jovem piloto de 20 anos depois da saída de pista que acabou por condicionar também o resto da qualificação. Acabou por sair da oitava posição, que curiosamente até tinha sido pródiga olhando para os últimos pódios no Grande Prémio do Azerbaijão. No entanto, a saída acabou por indiciar tudo menos isso, com Leclerc a cair para a décima posição, ultrapassado Carlos Sainz e Daniel Ricciardo.

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Na frente, os dois Mercedes ainda viram Sebastian Vettel tentar uma surpresa na saída mas Valtteri Bottas e Lewis Hamilton ficaram a discutir entre si o primeiro lugar, que se manteve no finlandês que conseguira a segunda pole seguida da temporada, depois da China. Um pouco atrás, brilhava Leclerc. Décimo, nono, oitavo, sétimo, sexto, quinto, quarto lugar, apenas atrás dos dois carros da Mercedes e do companheiro da Ferrari quando chegávamos à décima volta da corrida. Mais à frente, todos passaram pela box para trocar de pneus menos o monegasco, que saltou à condição para o topo da corrida até à 32.ª volta.

Nessa altura, com bandeira amarela no primeiro setor depois de um acidente entre Daniil Kvyat e Daniel Ricciardo, Bottas utilizou o DRS para ultrapassar finalmente Leclerc. Na volta seguinte, foi a vez de Lewis Hamilton “imitar” o companheiro. Tudo voltava à fórmula inicial, com os dois Mercedes na frente, os dois Ferraris na luta pelo pódio e os dois Red Bull nas posições seguintes. A maior figura deste Grande Prémio trocou apenas de pneus à 35.ª volta e, como já se tinha percebido uns minutos antes, forçou demasiado para tentar compensar o erro na qualificação – o quinto era o máximo que poderia alcançar.

Quando chegámos às últimas quatro voltas, as posições mantinham-se entre Bottas, Hamilton, Vettel e Verstappen mas sem que tivesse caído a possibilidade de haver ainda uma surpresa, face aos cinco segundos que separavam os quatro carros – e com essa luta pela volta mais rápida da corrida, e respetivo ponto extra, sempre no pensamento de todos, como se percebeu quando o britânico ficou com esse registo a três voltas do fim e Bottas passou para a frente na penúltima volta. O finlandês venceu mesmo e passou para a frente do Campeonato com mais um ponto do que o pentacampeão Hamilton, ficando Vettel no último lugar do pódio… e Leclerc, que trocou de pneus a três voltas do fim, a conseguir o ponto extra da volta mais rápida – o que lhe valeu o prémio de corredor do dia, numa corrida que podia ter sido diferente sem aquele erro no qualificação.