“Tenho um colega completamente louco na turma. Ele sabe tudo sobre tudo”. O desabafo foi feito por Laurence, uma dos três filhos da agora primeira dama francesa, quando ela teria uns 16 anos. O colega “louco” era Emmanuel Macron, hoje Presidente de França, que acabaria por casar com a mãe da colega, Brigitte Trogneux, 24 anos mais velha. O romance tem sido considerado um dos mais intrigantes na classe política e foi agora alvo de um livro que sairá em breve, assinado por uma jornalista francesa.

Em “Il Venait d’Avoir Dix-Sept Ans”, que em tradução livre será “Ele acaba de fazer 17 anos”, Sylvie Bommel, uma reputada jornalista que escreve para o jornal francês “Le journal du Dimanche” fala sobre a infância do chefe de estado francês e da primeira dama que o acompanha desde que foi sua professora de teatro na escola jesuíta onde ela lecionava. No livro, a repórter fala também com assessores e amigos próximos do casal que dão conta da atual relação de ambos.

Segundo o The Telegraph, o que empolgou Bommel a escrever este livro não foi a história de Macron, um homem bonito que mantém a mesma relação desde a adolescência quando se apaixonou pela professora, e que mesmo assim fez um percurso profissional brilhante até chegar ao lugar máximo do poder político em França. A autora do livro diz sim que “queria entender como uma mulher da pequena burguesia provinciana, educada por freiras, teve a incrível audácia de desafiar sua família e a moralidade popular para fazer uma segunda vida com um homem 24 anos mais jovem”.

Brigitte tinha 21 anos quando casou com um homem dois anos mais velho, que ainda hoje se mantém no anonimato. É um homem de parcas palavras, gentil, bonito, elegante, que não terá casado novamente e que nem sequer publicita o facto de ter sido o primeiro marido da atual primeira dama e de com ela ter tido três filhos. Os amigos do casal que contribuíram para o livro dizem mesmo que ele sempre foi uma pessoa completamente “neutra”. Que Brigitte brilhava ao seu lado enquanto ele mal abria a boca.

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Uma personalidade muito semelhante a Bovary, o homem que no romance de Gustave Flaubert perde a mulher, que se suicida depois de infeliz com o casamento ter cometido adultério. Esta obra é, aliás, usada pela jornalista como termo de comparação à relação entre o presidente francês e a sua ex-professora. Isto porque, segundo lhe contaram e ela reproduz, esta era uma obra que Macron muito admirava e que considerava uma obra-prima. Bommel sugere mesmo que este romance teve uma grande influencia no casal.

Quando ambos começaram a impressionar-se um ao outro não passaram despercebidos. Há colegas de Macron que dizem que perceberam logo o que se passava. Quando os pais dele decobriram, porém, mandaram-no acabar os estudos em Paris. Mas Brigitte visitava-o lá. E ele próprio diz que perdeu dois anos e não entrou logo na universidade por estar demasiado apaixonado. Por esta altura, o pai dos filhos de Brigitte trabalhava longe de casa, então durante a semana os filhos estavam com a mãe e ao fim de semana ficavam com ele enquanto ela ia visitar o agora presidente. Há quem diga no livro, que será publicado esta semana, que houve quem o visse a chegar do trabalho de pasta na mão e de ar triste.

Brigitte e Macron casaram em Touquet em 2007, no mesmo sitio onde ela tinha contraído matrimónio 33 anos antes com o ex-marido. Bommel viu as fotos de ambos os casamentos e percebe as diferenças entre os dois homens e e os dois casamentos só pelas expressões que a máquina captou. Um tem um ar triste, o outro um ar feliz. No casamento de Macron, tinha ele 29 anos e ela 54, aparecem vários familiares nas imagens. Nesta altura, já eles viviam juntos em Paris e ele dava os primeiros passos na política. Aliás, nas imagens aparece mesmo Michel Rocard, o seu primeiro ministro.

Também em Touquet, onde mantêm uma casa de ferias que ela herdou dos pais, existem fotos dela a votar há dois anos. Vestia um casaco Lois Vuitton “que deve ter custado mais do que os dois vestidos de casamento juntos que usou”. A jornalista lembra como ambos apareceram de mãos dadas e como ela estava a prever que horas depois se tornaria a primeira dama e a sua residência oficial passaria a ser no Palácio Eliseu.

Os anos como primeira dama também são relatados no livro. A autora compara-a quase a Kate Middleton, desde a sua figura elegante, às roupas e à dieta. O pequeno almoço são dois kiwis e uma chávena de chá. Agora que tem 66 anos e 12 de casada, nunca vai escapara à pergunta, o que levou uma professora de 40 anos a envolver-sese com um jovem mais novo que o seu filho? A própria já justificou em público que o fez porque caso contrário a vida passava-lhe ao lado. Mas a jornalista diz que esse lema de vida poderá estar preso a um trauma, que sofreu quando tinha apenas seis anos, quando a irmã mais velha e o marido morreram numa acidente de viação.

Ela só deixou de ser professora há quatro anos, quando Macron foi nomeado ministro da Economia, mas ela gostava de voltar ao ensino, desta vez a adultos. Bommel diz que os assessores do ministro dizem que ela consegue fazê-lo mudar de ideias, que é uma grande influência nele. Em publico é normal vê-los trocar carinhos. E ele é-lhe completamente fiel, garante quem os conhece e que avalia a relação como genuína.