John Singleton, realizador norte-americano, morreu esta segunda-feira aos 51 anos, noticia a CNBC. O mais jovem realizador nomeado para os Óscares por “A Malta do Bairro (Boyz N the Hood)” sofreu um enfarte a 17 de abril e estava internado desde então, ligado a uma máquina de suporte de vida. A notícia foi confirmada, após alguns relatos contraditórios ao longo desta segunda-feira. Singleton foi também realizador do filme “Velocidade + Furiosa”, o segundo da saga “Velocidade Furiosa” e protagonizado pelo ator Paul Walker, que também já morreu.

A família do realizador disse ao Deadline que a máquina seria desligada esta segunda-feira. “É com grande pesar que anunciamos que o nosso querido filho, pai e amigo, John Daniel Singleton, deixará de estar ligado à máquina de suporte de vida”, anunciou um porta-voz da família. “Esta foi uma decisão difícil, tomada e pensada ao longo de vários dias pela nossa família e com os cuidadosos conselhos dos médicos do John”, continuou a mesma fonte.

John Singleton nasceu em Los Angeles, em 1968. Na sua obra, Singleton exibia as lutas pela sobrevivência e o dia-a-dia assolado pela pobreza, criminalidade e epidemia de drogas de South Central, a região de Los Angeles em que cresceu. “Boyz N the Hood” foi o filme com que o jovem realizador e argumentista entrou no mundo do cinema, em 1991.

O filme foi um sucesso comercial e fez de atores como Cuba Gooding Jr e Ice Cube verdadeiras estrelas. “Boyz N the Hood” foi inspirado no passado pessoal de John Singleton e a personagem principal, Tre, é um reflexo do próprio realizador. Com o filme, Singleton afirmou-se ainda como um líder numa nova geração de realizadores afro-americanos, em busca de sucesso na indústria.

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Na altura, Singleton tinha apenas 22 anos. Com “A Malta do Bairro”, foi então nomeado para os Óscares de Melhor Realização e Melhor Argumento Original, tornando-se mesmo o mais jovem realizador e também o primeiro afro-americano a ser nomeado para tal prémio. John Singleton mantém até hoje o “recorde”. Na altura, destronou Orson Wells, que manteve a distinção durante 50 anos com o filme “Citizen Kane”.

Depois de “A Malta do Bairro”, o realizador assinou filmes como “Poetic Justice” (1993), “HigherLearning” (1995) e “Rosewood” (1997). Em 2003, realizou o segundo capítulo da famosa saga “Velocidade Furiosa”, com Paul Walker e Vin Diesel. O último filme de Singleton, “Abduction”, foi realizado em 2011. Desde então, participou em séries televisivas como “Empire” (2015) e “American Crime Story” (2016).

Como ator, o afro-americano participou ainda em “Baadasssss!” (2003) e “The Game” (2013)

Nas últimas horas, as redes sociais encheram-se de mensagens de apreço ao realizador e de apoio à família. Brandon Pope, repórter do canal de entretenimento americano WCIU, escreveu no Twitter: “Descansa em Paz, John. Com apenas 24 anos, inspirou tantas pessoas, incluindo eu. Os seus filmes expuseram ao mundo as histórias que todos desconheciam”. O produtor, comediante, ator e realizador Jamie Kennedy descreveu o primeiro filme de Singleton como “uma Profecia”. “Tão à frente do seu tempo, tão educativo”, completou.

John Singleton não é a única pessoa ligada a “Boyz N the Hood” a falecer nos últimos dias. O ator que fez de polícia corrupto no filme, Jessie Lawrence Fergunson, também morreu na sexta-feira, aos 77 anos.

A família lembra agora Singleton como “um prolífero e inovador realizador, que mudou e abriu portas em Hollywood”.