A rotunda à entrada do Estoril recebe os visitantes do Millennium Estoril Open com um cartaz gigante em que, entre outros, se associa o futuro à imagem de Alex De Minaur. Esta segunda-feira, João Domingues, oriundo de Oliveira de Azeméis, mostrou que não é preciso ir até aos antípodas buscar o futuro, ao vencer Alex De Minaur, nº27 do mundo e pupilo de Lleyton Hewitt, naquela que é a melhor vitória da carreira do português.

Antes de se tornar profissional do ténis, João Domingues estudou arquitetura. “A minha cadeira preferida era projeto, projetar casas”, confessava o tenista no rescaldo desta vitória, num paralelo que no ténis pode indicar que os passos estão a ser dados de forma segura. “Não preciso que me digam que posso ganhar. Quanto entro no campo sei que posso sair vencedor”, em especial depois de há dois anos ter vencido neste mesmo torneio o britânico Kyle Edmund, hoje nº22 do mundo. João Domingues foi o único dos tenistas portugueses presentes nesta edição do Estoril Open que teve que passar por duas rondas de qualificação para chegar ao quadro principal. Este domingo, no rescaldo do apuramento, ficou a saber – em frente aos jornalistas – que ia defrontar Alex De Minaur, o perigoso australiano que o ano passado surgiu no Estoril com Lleyton Hewitt como treinador e parceiro de pares. Na reação ao sorteio, um jovem na sala colocou também uma pergunta.

Álvaro, o jovem jornalista: “Qual vai ser a estratégia para ganhar a um jogador que corre tanto?”

João Domingues: “Não sei, mas vou perguntar aos meus treinadores para amanhã [esta segunda] tentar dar-te uma resposta”

Ao final da tarde, a resposta surgiu: vitória para o português por 6-2, 2-6 e 6-2. “Agora já posso responder”, desabafou no final do jogo, João Domingues, que apesar da marca história diz que “não foi o melhor jogo no que toca à exibição”. O vento forte que varreu o campo principal do Estoril Open dificultou a vida aos jogadores e só com o aproximar do fim do set decisivo é que o tenista português começou a ver a vitória: “Quando fiz a primeira quebra de serviço acreditei que podia ter fortes possibilidades e quando quebrei o serviço dele [De Minaur] do 4-2 para o 5-2 fiquei com mais certezas, porque já ia escapar ao lado com mais vento”. Em suma, o tempo.

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Com lugar garantido nos oitavos de final, João Domingues promete continuar “a dar trabalho” à sua equipa mas também…à namorada. O tenista apresentou-se com um novo patrocínio na camisola, o que só possível graças ao esforço da namorada, “que é muito querida e que esteve a lavar as camisolas que não tinham ido para o meu último torneio e que foram para estampar com o patrocínio”. O esforço terá valido a pena, com o apuramento selado para a próxima fase, onde vai defrontar o vencedor do jogo entre John Millman e Bernard Tomic.

O Estoril parece só ter lugar para um Sousa

“Wow” ou “uhhh” foram as interjeições mais ouvidas durante o encontro que colocou frente a frente o tenista lisboeta Pedro Sousa e o gigante norte-americano Rilley Opelka, com 2.11 metros – o jogador mais alto do circuito a par de Ivo Karlovic. Do lado norte-americano, a estupefação surgia pela potência dos serviços, a rondar os 200/220 km/h e raramente abaixo dos 170 km/h. Do lado de Pedro Sousa, pelos pontos impossíveis que ia conseguindo roubar a Opelka, mas que não foram suficientes para sair vencedor do encontro, muito por culpa de uma entorse no pé logo no inicio do encontro. “Nada de novo, nem de especial. Só uma entorse, com outro jogador não tinha dado para terminar o jogo, com o Rilley deu para mascarar as dores”, explicou o lisboeta, como quem quis transformar o poderoso serviço do adversário numa característica a seu favor.

Com o encontro equilibrado, o norte-americano duvidou de uma bola que empatou o primeiro set a 6-6 e aproveitou a raiva para conseguir seis pontos consecutivos no tie break e fechar pouco depois o parcial por 7/6 (2). No segundo set, Pedro Sousa abriu uma vantagem de 0-3, mas num jogo com três erros diretos permitiu a quebra do serviço e a partir daí esteve sempre por baixo na partida, cedendo uma nova quebra para 5-4, que permitiu a Rilley Opelka fechar o encontro com um 7-6 (2) e 6-4.

Com a entorse do pé esquerdo, Pedro Sousa está agora em dúvida para o encontro de pares, agendado para esta terça-feira ao lado de Gastão Elias, que enquanto aguarda pela decisão do seu parceiro esteve esta segunda-feira a trocar umas bolas com a mulher, Isabela Miró – que chegou a vencer um torneio internacional feminino em 2010. Quem entrou em campo para jogar pares foi João Sousa, ao lado do argentino Leonardo Mayer, que derrotaram Santiago Gonzalez e Aisam Qureshi por 6-4 e 6-4.

O n.º 1 nacional volta a entrar em campo, em singulares, esta terça-feira, frente ao australiano Alexei Popyrin. O encontro tem inicio marcado para as 15h.