O coordenador da União de Sindicatos de Angra do Heroísmo (USAH) defendeu esta segunda-feira que o salário mínimo nos Açores deve atingir os 850 euros, dentro de três a quatro anos, e vai reivindicá-lo no 1.º de maio.

“Consideramos que, no imediato, o salário mínimo devia ser 650 euros na região, para trabalharmos de forma a nos próximos três ou quatro anos chegarmos àquele que é o salário que a CGTP considera justo, que são 850 euros”, afirmou o coordenador da USAH, Vítor Silva, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo.

A união de sindicatos, afeta à CGTP, vai assinalar o 1.º de maio em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, com um concurso de maios e ações de sensibilização sobre os direitos dos trabalhadores.

Segundo Vítor Silva, as principais reivindicações dos trabalhadores açorianos são o aumento dos salários e o combate à precariedade, que é superior na região.

“A média nacional já é extremamente elevada, mas nos Açores é ainda mais elevada. Está na ordem dos 90%. Em cada 10 contratos, apenas um não é precário”, frisou.

O fenómeno tem provocado um aumento de casos de assédio, que a união de sindicatos promete denunciar nos próximos tempos.

“Quem é precário já está numa situação extremamente difícil e é confrontado todos os dias com uma série de pressões inaceitáveis”, salientou o dirigente sindical, acrescentando que a precariedade coloca também pressões sobre quem tem um contrato efetivo.

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Perante este cenário, Vítor Silva admitiu que a luta pelos direitos laborais se torna “mais difícil”, mas considerou que “a situação está a chegar a um limite que obriga a que as pessoas reajam”, esperando uma participação elevada nas comemorações do 1.º de maio.

O sindicalista considerou que o “combate sério e real da precariedade” nos setores público e privado é essencial para estagnar o despovoamento das ilhas mais pequenas.

“Não há nenhum jovem que possa construir um projeto de vida quando não sabe o que vai acontecer no dia de amanhã. Não podemos ter um tipo de trabalho à custa de programas [ocupacionais], em que a mão de obra não é compensada por aquilo que faz”, sustentou.

Além do aumento do salário mínimo, Vítor Silva alertou para a necessidade de se lutar pela progressão nas carreiras, com efeitos nos vencimentos, alegando que não há uma “valorização do trabalho e da experiência já adquirida”.

“O que nós verificamos neste momento é que num local de trabalho, todos os trabalhadores, praticamente, quando chegam ao final do mês ganham 630 euros, que é o salário mínimo. Não é tida em conta nem a experiência que o trabalhador tem, nem a qualificação, nem os anos de casa, nem o posto”, afirmou.

No Dia do Trabalhador, a União de Sindicatos de Angra do Heroísmo, que representa trabalhadores das ilhas Terceira, São Jorge e Graciosa, vai reivindicar também o alargamento da aplicação de 35 horas de trabalho semanais, sem redução de salário, ao setor privado, e o fim do recurso a bancos de horas.

Por outro lado, vai manifestar-se contra a proposta de lei laboral do Governo da República, exigindo “o fim da norma da caducidade da contratação coletiva e a reintrodução do princípio de tratamento mais favorável”.