A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) pediu esta terça-feira aos atores guineenses diálogo construtivo, para colocarem os interesses da Guiné-Bissau em primeiro lugar e pediu urgência na nomeação do primeiro-ministro e do Governo.

Uma missão ministerial da CEDEAO esteve esta terça-feira em Bissau durante algumas horas para ajudar a desbloquear o impasse no parlamento guineense, criado durante a eleição da mesa do órgão legislativo.

“A delegação considera que para as divergências, em geral, frequentes em todos os parlamentos, devem ser encontradas soluções através de um diálogo franco e construtivo entre os atores”, afirmou o presidente da comissão da CEDEAO, Jean-Claude Kassi Brou, na declaração final que a missão fez à imprensa no aeroporto internacional Osvaldo Vieira.

Na declaração, Jean-Claude Kassi Brou refere que a CEDEAO insiste que os “grupos parlamentares finalizem com urgência a criação da mesa da Assembleia Nacional de acordo com os votos expressos pelo povo” nas legislativas de 10 de março.

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A CEDEAO pediu também a “urgente implementação do Governo após a nomeação do primeiro-ministro para enfrentar os desafios do desenvolvimento económico e social”.

PAIGC exige ao Presidente da República nomeação de primeiro-ministro para cumprir Constituição

O novo impasse político na Guiné-Bissau surgiu a 18 de abril, logo após a cerimónia de tomada de posse dos novos deputados, com a eleição da mesa da Assembleia Nacional Popular.

Depois de os deputados terem reconduzido no cargo Cipriano Cassamá, do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), e eleito Nuno Nabian, líder da Assembleia do Povo Unido – Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) primeiro vice-presidente, o Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), segundo partido mais votado nas legislativas, não conseguiu fazer eleger para o cargo de segundo vice-presidente do parlamento o seu coordenador nacional, Braima Camará. O Madem-G15 recusa avançar com outro nome para o cargo.

O Partido de Renovação Social (PRS), terceira força mais votada nas legislativas de 10 de março, também reclama a indicação do nome do primeiro secretário da mesa do parlamento.

PRS e Madem-G15, que assinaram um acordo de incidência parlamentar e juntos têm 48 deputados, têm acusado a nova maioria parlamentar de não querer chegar a consensos, enquanto a nova maioria parlamentar defende que está a cumprir a lei.

A nova maioria parlamentar inclui o PAIGC, a APU-PDGB, a União para a Mudança e o Partido da Nova Democracia, com um total de 54 deputados.

Quase dois meses depois da realização das legislativas na Guiné-Bissau, o novo primeiro-ministro guineense continua sem ser indigitado, apesar de o parlamento já ter enviado para o Presidente, José Mário Vaz, o dossiê da constituição da mesa do órgão legislativo, sem o segundo vice-presidente, e ter comunicado estarem reunidas as condições para a formação do Governo.