Colocar o vencedor e o finalista da edição de 2018 do Millennium Estoril Open num helicóptero dias antes de entrarem em prova na edição de 2019 não parece a estratégia ideal para garantir que ambos chegam nas melhores condições aos jogos, mas a história tem provado o contrário: os tenistas que integram as ações promocionais do Estoril Open — e que têm conquistado prémios junto do ATP –, têm saído com o troféu debaixo dos braços. A maior dificuldade? O tempo…e os agentes, que parecem ficar com os “cabelos em pé” com as ideias da organização.

Este ano João Sousa e Frances Tiafoe deram um passeio de helicóptero ao largo da baía de Cascais; Stefanos Tsitsipas e Pablo Carreno Busta andaram de bicicleta elétrica na Boca do Inferno; Gael Monfils deu uma aula sobre liderança na Nova SBE e até Fábio Fognini arregaçou as mangas para aprender a cozinhar com o chef Kiko. Anualmente o Estoril Open reúne algumas das maiores estrelas para promover um conjunto de iniciativas que promovam a região e o torneio e que têm conquistado prémios e menções junto do circuito mundial.

“Não é nada fácil convencer os agentes dos jogadores, especialmente quando se metem helicópteros ao barulho”, confessa o diretor do evento, João Zilhão ao Observador. “Os agentes são muito exigentes com a agenda dos atletas e juntar as horas de ginásio, com os treinos e com o descanso é muito difícil”, explica o responsável máximo do evento, acrescentando ainda que “tudo tem que decorrer antes dos tenistas entrarem pela primeira vez em prova”.

(Créditos: Millennium Estoril Open)

Apesar das dificuldades de calendário e, por vezes, do torcer de nariz dos agentes que não querem ver os jogadores envolvidos em atividades demasiado radicais, João Zilhão garante que os tenistas “adoram as iniciativas”, lamentando apenas as limitações de tempo que os impedem de desfrutar ainda mais.

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Este ano, já com os pés em terra, João Sousa admitiu que “foi fantástico ver como Portugal é bonito” e o norte-americano Frances Tiafoe ficou também rendido à costa portuguesa. João Zilhão explica que as iniciativas são pensadas em parceria com a autarquia de Cascais — um dos patrocinadores do evento –, por forma a “promoverem a região, o país e o evento”.

João Sousa aceitou entrar na água e saiu vencedor

As iniciativas paralelas com os tenistas têm sido um talismã para os participantes do Estoril Open. O ano passado, João Sousa e Kyle Edmund participaram numa aula de surf com Frederico Morais e saíram vencedores de singulares e pares, respetivamente. O diretor do torneio diz, em jeito de brincadeira, que já avisou os tenistas que participaram este ano, sobre o que acontece a quem participa nas iniciativas.

A vitória de João Sousa no Estoril Open podia até ter surgido mais cedo. O português foi desafiado a participar numa aula de surf em 2015 — ano que perdeu na ronda inaugural frente a Rui Machado –, mas optou por se manter mais resguardado. Em 2018, desafiado novamente, acabou por aceitar o convite, vencendo poucos dias depois o Millennium Estoril Open. Mais uma vez, João Sousa saiu rendido: “Estar com o Kikas foi muito bom e houve bastante diversão ao longo do dia”, disse o tenista após a aula experimental com o nº1 do surf nacional.

A feliz coincidência certamente que terá feito João Zilhão ‘picar’ o tenista vimaranense deve ajudar o diretor do torneio a ter mais margem negocial junto dos agentes dos tenistas para os anos futuros.