Mais de 250 filmes espalhados pelas várias secções, dos quais mais de 50 são portugueses, presentes em toda a programação, entre estreias mundiais, estreias nacionais e primeiras obras (e ainda três episódios da série televisiva “Sul”, de Ivo Ferreira), Anna Karina e o Brasil como Heroína e Herói independentes, respectivamente. Este é o “bilhete de identidade” da 16ª edição do IndieLisboa-Festival Internacional de Cinema, que abre esta quinta-feira e se prolonga até ao dia 12, na Culturgest, no Cinema São Jorge, na Cinemateca Portuguesa, no Cinema Ideal e nas Carpintarias de São Lázaro, onde se concentra a programação paralela de concertos e festas. Seleccionámos dez filmes de entre a vasta e muitíssimo variada oferta deste Indie 2019.
“Jessica Forever”
De Caroline Poggi e Jonathan Vinel (Competição Internacional)
Depois de várias curtas-metragens, uma delas vencedora do Urso de Ouro em Berlim, o duo francês Caroline Poggi e Jonathan Vinel estreia-se nas longas com uma história passada num futuro distópico, influenciada pelos jogos de vídeo e pela literatura de fantasia e de ficção científica, e na qual uma mulher e um grupo de jovens sobreviventes armados formam um peculiar arremedo de família. (Dia 4, Culturgest, 21.30/Dia 6, Cinema Ideal, 18.30)
“Present. Perfect”
De Shengze Zhu (Competição Internacional)
Vencedor do Tiger Award no Festival de Roterdão, este documentário da chinesa Shengze Zhu acompanha uma dúzia de cidadãos do seu país que recorrem ao “live streaming” para falarem com outras pessoas e combaterem a solidão. Em 2017, mais de 420 milhões de chineses partilharam momentos das suas vidas por “live streaming”. E abundam os excêntricos, caso de um rapaz que come minhocas ou de dois homens que lutam cobertos de tinta. (Dia 2, Culturgest, 21.30/Dia 4, São Jorge 3, 14.30)
“Mar”
De Margarida Gil (Competição Nacional)
A portuguesa Margarida Gil não filmava desde 2012, e regressa agora à realização, e ao Indie, com esta fita em que Maria de Medeiros interpreta uma viúva de 50 anos que a um futuro de tranquilidade prefere, inesperadamente, embarcar num veleiro chamado À Flor do Mar e ir pelo mar fora, numa viagem que se vai revelar mais acidentada do que ela poderia esperar. O elenco de “Mar” inclui ainda Nuno Lopes, Catarina Wallenstein e Pedro Cabrita Reis. (Dia 4, Culturgest, 19.00/Dia 6, Cinema Ideal, 20.30)
“Em Chamas”
De Lee Chang-dong (Silvestre)
Baseado num conto de Haruki Murakami, este filme do sul-coreano Lee Chang-dong concorreu no Festival de Cannes e foi um dos mais falados e elogiados pela crítica internacional no ano passado. É um drama de contornos policiais sobre um jovem ao qual uma amiga e antiga vizinha, regressada de férias de África, apresenta um rapaz que conheceu lá. E este tem um passatempo muito estranho, que vai revelar ao novo amigo. (Dia 10, São Jorge-Sala Manoel de Oliveira, 21.45)
“Querência”
De Helvécio Martins Jr. (Herói Independente-Brasil em Transe)
Marcelo é um vaqueiro do sertão do Brasil que tem uma grande paixão:os rodeos. Um dia, a fazenda onde trabalha é assaltada por ladrões de gado, que roubam várias cabeças e também o cavalo de Marcelo, que este tinha comprado há pouco tempo e era o seu grande orgulho. O vaqueiro fica profundamente afectado pelo incidente. Este “western” brasileiro é inteiramente interpretado por amadores. (Dia 11, Culturgest, 14.30/Dia 12, Culturgest, 17.15)
“Justine”
De George Cukor (Heroína Independente)
A dinamarquesa Anna Karina é a Heroína Independente do Indie 2019, e além dos emblemáticos filmes que fez sob a direcção de Jean-Luc Godard, e de um dos dois que realizou, o festival irá ainda mostrar vários daqueles que ela interpretou para cineastas como Visconti, Fassbinder, Varda ou Rivette. “Justine”, assinado por George Cukor em 1969, é adaptado do primeiro livro do “Quarteto de Alexandria”, de Lawrence Durrell, e muito pouco visto. Karina contracena com Anouk Aimée, Dirk Bogarde, Philippe Noiret e Michael York. (Dia 7, Cinemateca, 21.30)
“Miles Davis: Birth of the Cool”
De Stanley Nelson (IndieMusic)
Ron Carter, Quincy Jones, Wayne Shorter, Herbie Hancock ou Carlos Santana são apenas alguns dos músicos que participam neste documentário sobre o lendário trompetista Miles Davis. O realizador Stanley Nelson trabalhou no projecto com a família de Miles, e teve por isso acesso a filmes e fotografias nunca vistos, aos quadros que ele pintava e a músicas até agora nunca tornadas públicas. E nem por isso omitiu o lado menos agradável da personalidade do seu biografado. (Dia 2, São Jorge 3, 21.30/Dia 12, Culturgest, 21.45)
“Nice Girls Don’t Stay For Breakfast”
De Bruce Weber (Director’s Cut)
O título deste documentário intimista e muito “cool” sobre Robert Mitchum feito pelo fotógrafo e realizador Bruce Weber é o mesmo de uma canção de Julie London, da qual o actor era amigo e fã incondicional. Weber foi próximo de Mitchum e da sua família na década de 90, e filmou-o na companhia dos amigos mais chegados, em saídas nocturnas, a falar com admiradores e a gravar canções para um disco que não chegou a ser lançado, e em que canta com Marianne Faithfull e Rickie Lee Jones. (Dia 4, Cinemateca, 19.00)
“Be Natural: The Untold Story of Alice Guy-Blaché”
De Pamela B. Green (Director’s Cut)
Jodie Foster é a narradora deste trabalho documental sobre Alice Guy (1873-1968), uma das pioneiras do cinema e considerada a primeira mulher realizadora da história. Guy rodou mais de mil filmes, grande parte dos quais se perderam, e chegou a ter uma produtora e um estúdio nos EUA, em 1910, juntamente com o marido, o inglês Herbert Blaché, fazendo lá algumas fitas. Em 1920, retirou-se do cinema e a sua história é ainda hoje mal conhecida. (Dia 3, Cinemateca, 19.00)
“In Fabric”
De Peter Strickland (Boca do Inferno)
Autor de “Katalin Varga” e de dois interessantíssimos filmes de terror, um sobrenatural, “O Som do Medo”, outro dramático e psicológico, “The Duke of Burgundy”, o inglês Peter Strickland insiste neste género com “In Fabric”, um “ghost movie” que tem um forte travo de humor negro. É a história de um vestido amaldiçoado que está à venda numa grande loja de uma cidade do interior de Inglaterra, e que passa de mão e mão, trazendo o medo e a morte a quem o compra. (Dia 4, Cinema Ideal, 23.00/ Dia 5, Cinema Ideal, 22.30)