“Um espetáculo de absoluta irresponsabilidade orçamental”, uma “finta” que “fere o espírito da lei-travão” e uma “enorme irresponsabilidade”. Para Augusto Santos Silva, a aprovação na especialidade da recuperação integral do tempo de serviço dos professores, esta quinta-feira, é tudo isto e mais: para o ministro dos Negócios Estrangeiros a decisão da “coligação negativa” composta por todos os partidos à exceção do PS (PSD e CDS votaram a favor, BE e PCP abstiveram-se) não tem sequer “legitimidade política”, já que a proposta não consta do programa de Governo, não foi prometida aos portugueses nem sequer ponderada nas conversações com os partidos de esquerda que sustentam o governo na Assembleia da República.

Em entrevista à TSF, antes da reunião extraordinária de coordenação política convocada por António Costa para a manhã desta sexta-feira, o número dois do Governo apelou ainda aos partidos da oposição para que reconsiderem as suas posições antes da votação final em plenário, garantindo que a reposição dos nove anos, quatro meses e dois dias dos salários dos professores não poderá ser feita sem um aumento “absolutamente brutal” da despesa permanente, “na ordem das muitas centenas de milhões por ano”.

“Os partidos à esquerda do PS não podem criar questões de ingovernabilidade ao Governo que eles próprios apoiam”, acrescentou ainda Santos Silva, que também fez questão de recordar que Marcelo Rebelo de Sousa tem ainda uma palavra a dizer sobre a polémica medida aprovada na especialidade.

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