Um milagre — é desta forma que nos EUA já estão a descrever o acidente que atirou um Boeing 737 da Miami Air International para o rio St. Johns, em Jacksonville, no estado norte-americano da Florida. Porquê? Todas as 143 pessoas que seguiam a bordo sobreviveram e apenas 21 ficaram com ferimentos ligeiros. Contudo, o canal televisivo News 4 Jax, da cidade onde se desenrolou esta história, recorda um episódio quase idêntico que se passou há 36 anos mas teve um final bem mais dramático.

A 30 de abril de 1983, um Convair C-131F da marinha dos EUA que duas vezes por semana transportava militares entre as bases militares de Jacksonville e Guantanamo, descolou da cidade na Florida num dia solaheiro, com pouco vento e temperaturas de 17 graus — cenário bem diferente do da passada sexta-feira, em que fortes trovoadas terão, ao que tudo indica, estado na origem do acidente.

Boeing 737 com 143 passageiros a abordo aterra em rio da Florida depois de falhar a pista

Quando já estava no ar, algures nos céus da cidade de Mandarim, algo começou a correr mal: relatos de testemunhas da época dizem que chamas começaram a sair de um dos motores da aeronave. “Por volta das 12h09 o piloto entrou em contacto com a torre para comunicar que tinha deflagrado um incêndio no motor esquerdo do seu avião, avisou que estava a regressar à base”, contou Nick Young, um responsável da marinha norte-americana, ao canal regional.

Tudo parecia estar minimamente sob controlo — “Ele estava a aproximar-se em linha reta, não parecia estar a vacilar até que caiu”, recorda W.D. Thompson, homem que na altura vivia perto da base militar e viu tudo a acontecer — mas quando faltavam uns 100 metros para chegar à pista, a aeronave mergulha e embate contra as águas rasas do rio St. Johns, matando quase instantaneamente seis membros da tripulação e nove passageiros. Toda a gente morreu, menos Melissa Kelly, uma jovem oficial que conseguiu ser resgatada com vida mas gravemente ferida. “A minha primeira questão é ‘Porquê eu?’,mas preocupar-me-ei com isso mais tarde”, contou a rapariga a um jornalista que, na altura, a foi visitar ao hospital.

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