A inspetora-geral da Administração Interna, Margarida Blasco, vai deixar o cargo na próxima semana depois de ter sido nomeada juíza conselheira do Supremo Tribunal de Justiça, disse hoje à Lusa a magistrada.

Margarida Blasco, que está no organismo que fiscaliza as polícias desde fevereiro de 2012, adiantou que vai tomar posse como juíza conselheira do Supremo Tribunal de Justiça na quinta-feira às 15:00, ficando na Inspeção Geral da Administração Interna (IGAI) até quarta-feira.

A ainda ‘polícia dos polícias’ explicou que a sua nomeação de juiz conselheiro para o Supremo Tribunal de Justiça é uma promoção na sua carreira de magistrada.

Contactado pela Lusa, o Ministério da Administração Interna referiu que Margarida Blasco vai ser substituída para já pelo subinspetor da IGAI Paulo Ferreira.

Margarida Blasco terminava o seu terceiro mandato à frente da IGAI em fevereiro de 2021.

Margarida Blasco está no cargo desde fevereiro de 2012 e foi nomeada pelo então ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, tendo sido reconduzida três anos depois por Anabela Rodrigues, ainda no Governo PSD-CDS, e o atual ministro, Eduardo Cabrita, voltou a renovar a comissão de serviço da magistrada em fevereiro de 2018 por três anos.

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Nos últimos anos, Margarida Blasco teve de gerir na IGAI alguns casos mediáticos, na maior parte das vezes relacionadas com alegados abusos policiais.

As queixas contra membros da PSP e da GNR são a grande fatia do trabalho da IGAI, que em 2018 recebeu 860 denúncias contra a atuação das forças de segurança, o valor mais alto dos últimos sete anos.

A PSP foi a força de segurança com maior número de queixas, tendo dado entrada na IGAI 477 participações contra a atuação dos agentes da Polícia de Segurança Pública em 2018, seguindo-se a Guarda Nacional Republicana, com 270, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, com 36, e outras entidades tutelados pelo Ministério da Administração Interna (25).

Segundo a IGAI, mais de um terço das queixas da atuação das forças de segurança estiveram relacionadas com ofensas à integridade física, tendo dado entrada um total de 255 no ano passado, 172 das quais dirigidas a elementos da PSP e 73 a militares da GNR.

A saída de Margarida Blasco da IGAI foi avançada pelo Diário de Notícias.

Além de ter sido a primeira mulher à frente da IGAI, Margarida Blasco foi também a primeira mulher como diretora-geral do Serviço de Informações de Segurança (SIS), cargo desempenhado entre 2004 e 2005.

A IGAI tem como missão assegurar as funções de auditoria, inspeção e fiscalização de todas as entidades, serviços e organismos tutelados pelo Ministério da Administração Interna.