Ter insónias é no mínimo aborrecido. Quem gosta de passar a noite a dar voltas na cama, assistir às televendas, beber chás relaxantes para no dia seguinte não parecer um zombie no trabalho, ver séries manhosas só para ver se o sono vem ou contar carneirinhos?

Em último caso, ter dificuldades para adormecer pode ser coisa séria: aumenta a possibilidade de doenças cardiovasculares, diabetes, problemas de digestão, transtornos na saúde mental, obesidade. Em suma, não é saudável. Há cada vez mais pessoas com problemas de sono e habitualmente culpa-se a multiplicação dos estímulos, os efeitos causados pelo brilho dos ecrãs dos telemóveis e computadores, o stress do dia-a-dia citadino que é cada vez maior.

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Assim sendo, talvez mereça uma oportunidade um método que garante que o põe a dormir em 120 segundos (dois minutos, portanto), mais coisa menos coisa. O método, inventado na The U.S. Navy Pre-Flight School, foi concebido na primeira metade do século XX para ser utilizado na Marinha norte-americana na II Guerra Mundial — e foi recentemente lembrado pelo El Confidencial, depois de já ter sido divulgado pela especialista em performance mental e física Sharon Ackman e pelo escritor do livro “Relax and Win: Championship Performance”, Lloyd Bud Winter.

O método foi testado nos pilotos da Marinha norte-americana e “depois de seis semanas de prática, 96% conseguiu adormecer em dois minutos ou menos”, apontou Sharon Ackman — mesmo “depois de beberem café” e com “tiros de metralhadora em pano de fundo”.

Lloyd Bud Winter, que escreveu sobre sono e boas performances físicas e mentais, adaptou o método retirando-lhe o contexto de cenário de guerra e dividiu-o em quatro partes, relata o site Unilad.

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Primeiro passo: a pessoa que tem sono mas está numa luta inglória com as almofadas deve primeiro relaxar os músculos faciais, “incluindo a língua, a mandíbula e os seis músculos que estão à volta da sua órbita ocular”. Forçar em excesso o fecho dos olhos e levantar o sobrolho, por exemplo, são movimentos a evitar, já que o rosto deve estar o mais descontraído possível.

Já com o rosto descontraído, convém que o notívago tente baixar a altura dos ombros e colocar os braços tão em baixo quanto possível. A ideia é que os ombros, parte superior do braço e antebraço fiquem mais “mortos” e menos firmes, para que o corpo diminua o seu estado de alerta.

Expirar calmamente é o passo seguinte aconselhado. O peito tem de ficar relaxado antes mesmo de se descontrair primeiro as coxas, depois o resto das pernas.

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Completados estes passos, é altura de descontrair a mente — o que não raramente até é o mais difícil. Inspirado pelo método da Marinha norte-americana, Lloyd Bud Winter propõe algumas estratégias para desligar do stress e das preocupações: pode pensar por exemplo que está deitado numa bela canoa a navegar num lago sereno, com um céu azul limpo por cima de si, ou pode repetir na sua cabeça “não penses” durante dez segundos (na verdade, pode repetir qualquer ideia que o descontraia ou voltar ao método clássico de contar coisas; o aspeto decisivo é a repetição de palavras que não o/a façam puxar pela cabeça).

Existem, é claro, outros fatores que influenciarão a sua capacidade de adormecer com mais ou menos facilidade — o estado mental (mais inquieto ou relaxado) tem sempre peso, por exemplo —, mas se já tentou quase tudo e nada funcionou, talvez não fosse má ideia equacionar este método. Se resultou num cenário de guerra, pelo menos vale a pena tentar. Se não o conseguir por em prática, também pode seguir as sugestões de Nick Littlehales para dormir como Cristiano Ronaldo.

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