A caminhada não foi propriamente fácil mas terminou da melhor forma: após o segundo lugar no Grupo 6 na primeira ronda de qualificação para o Europeu com uma derrota no último minuto (Bélgica, 2-1), uma vitória (Turquia, 3-1) e uma goleada (11-0, Andorra), Portugal voltou a organizar o Grupo 5 da Ronda de Elite e alcançou um dos momentos mais altos da (curta) história da Seleção Sub-17 feminina, vencendo Rep. Checa (1-0), Irlanda do Norte (6-0) e França (1-0), num encontro decisivo que ficou marcado pelo golo de Lara Pintassilgo logo aos cinco minutos. Mais de cinco anos depois, a equipa voltava à fase final da principal prova europeia, um feito muito comemorado por jogadoras, técnicos e restante estrutura federativa.

Portugal tinha estado apenas uma vez nessa condição, quando terminou o Grupo A da fase final disputada em Inglaterra, em dezembro de 2013, no último lugar com apenas um ponto logo a abrir, num nulo diante da Áustria. Seguiram-se duas derrotas frente a Itália (2-0) e Inglaterra (6-1), conjuntos que seguiram para as meias-finais de forma natural, antes de serem afastadas por Alemanha e Espanha, respetivamente. Agora, e no seguimento do trabalho que tem vindo a ser feito a nível de futebol feminino, da equipa A aos conjuntos da formação, as ambições eram diferentes e a Seleção fez mesmo história este domingo.

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Portugal no Europeu feminino de sub-17 ao bater França

“As coisas têm corrido muito bem. Fizemos um plano e ele está a funcionar. Julgo que as jogadoras estão felizes, contentes e à espera da competição. Elas querem é jogar. É um sonho tornado realidade. Estar aqui, neste espaço, com seleções de topo na Europa, vivenciar este ambiente, cruzarem-se com as outras jogadoras… Isto para elas [jogadoras] é qualquer coisa de maravilhoso. É natural que nas próximas horas comecem a perceber que vai haver competição. Cabe-nos reduzir um pouco essa ansiedade. Elas sabem a responsabilidade e o nível de dificuldade, mas também sabem como contrariar a ansiedade: com determinação, com ambição, com humildade, com vontade de ganhar. Se nos focarmos nisso, esquecemos o resto”, tinha comentado o selecionador, José Paisana, ao site oficial da Federação. E a receita funcionou mesmo.

Logo aos seis minutos, Maria Alagoa inaugurou o marcador após assistência de Ana Albuquerque e quebrou qualquer tipo de ansiedade natural na estreia numa grande competição. Portugal dominava a Bulgária, criava oportunidades, atirou uma bola à trave após livre direto de Andreia Jacinto (21′) e aumentou mesmo a vantagem antes da meia hora, com um desvio infeliz da defesa Bessette para a própria baliza depois de um cruzamento da esquerda de Maria Alagoa (29′).

Depois de mais uma bola na trave de Andreia Jacinto, materializando o melhor jogo de Portugal em Dobrich, tudo apontava para que o 2-0 se mantivesse até ao intervalo mas, já em período de descontos, Parapunova arriscou um cruzamento longo após canto que acabou por trair a guarda-redes Adriana Rocha e reduziu a desvantagem para as anfitriãs (45+1′). Motivada por esse golo, a Bulgária ainda teve dois remates para defesa de Adriana Rocha no arranque da segunda parte mas as comandadas de José Paisana conseguiram “agarrar” o jogo e ainda tiveram mais uma bola no ferro por Ana Assucena (69′).

Joana Caiado e Bárbara Lopes entraram entretanto na equipa, conseguindo elevar a intensidade de jogo e tendo papel chave para fechar em definitivo o encontro, com Maria Negrão a aproveitar uma assistência de Joana Caiado para apontar o 3-1 antes de um lance a sete minutos do final em que foi “atropelada” na área sem que tivesse sido apontada a respetiva grande penalidade. No entanto, o mais importante estava garantido e Portugal assegurava os três pontos na estreia nesta fase final do Europeu Sub-17 feminino antes do complicado duelo da próxima jornada frente à Dinamarca (que defronta também este domingo a favorita Espanha, que já conquistou por quatro vezes a competição), na quarta-feira.