O Grande Prémio de Espanha reunia todos os ingredientes para Miguel Oliveira ter uma das melhores experiências possíveis neste ano de estreia no MotoGP: a primeira prova em território europeu onde tão bem se deu na última época no Moto 2 (e onde chegou a liderar a classificação, após o triunfo na Rep. Checa), a proximidade a Portugal que fazia adivinhar muito apoio ao piloto de Almada, o contexto de ser a semana em que foi confirmado o acordo de renovação com a KTM para continuar na Tech 3 por mais um ano. Faltava o principal mas foi aí que as coisas não começaram a correr da melhor forma.

Depois do 22.º lugar na sessão de treinos livres de sexta-feira, com o infortúnio de ver aquela que estava a ser a sua melhor volta travada devido a uma bandeira vermelha no último setor após as quedas de Bradley Smith e Karel Abraham, o português não conseguiu melhorar esse posto durante a qualificação e saiu da última linha da grelha. “Não conseguimos igualar o tempo que tínhamos da terceira sessão de treinos. É um pouco desapontante, pensava que podia ser ainda mais rápido. Tentámos melhorar algumas coisas na moto mas parece que não está a funcionar. Não esperava tantas dificuldades nesta pista”, comentou à agência Lusa, esperando ter uma boa saída para poder ir subindo alguns lugares – o que não se confirmou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Miguel Oliveira sai da última linha da grelha do GP de Espanha

Na frente, todas as atenções estavas centradas no francês Fabio Quartararo, piloto que no ano passado não foi além da décima posição em Moto 2 (com um triunfo na Catalunha e apenas mais um pódio, na Holanda) mas que conseguiu tornar-se em Jerez de la Frontera o mais novo de sempre a alcançar uma pole position na categoria rainha, à frente do companheiro na Yamaha, Franco Morbidelli, e do pentacampeão Marc Márquez. O jovem de 20 anos admitiu que foi a sua maior conquista por ter andado sempre no limite mas havia a expetativa de perceber até que ponto iria aguentar o ritmo em prova.

Se na primeira linha o espanhol conseguiu ultrapassar as Yamaha e saltar para a liderança logo no arranque da corrida, Miguel Oliveira tentou ir por fora e pareceu ter uma boa saída, ainda assim insuficiente para alcançar o objetivo de ganhar alguns lugares na classificação: depois de ter chegado à 19.ª posição, o português perdeu dois lugares e foi ainda ultrapassado pelo espanhol Tito Rabat (Ducati), iniciando a partir da segunda volta a tentativa de chegar ao top 20 que ficou mais próximo depois da queda de Francesco Bagnaia mas voltou a distanciar-se com a ultrapassagem do britânico Bradley Smith (Aprilia).

Com Marc Márquez a conseguir uma diferença cada vez maior para a concorrência, a luta mais interessante da corrida até estava concentrada entre a quarta e sexta posições, com Alex Rins, Andrea Dovizioso e Maverick Viñales em constantes ultrapassagens enquanto Valentino Rossi tenta chegar ao top 10. A meio da prova, tudo mudou e o sonho de Quartararo tornou-se um pesadelo: o francês sentiu problemas na moto, foi caindo vários lugares a pique e teve mesmo de desistir, com Morbidelli a tremer também e a perder demasiado tempo para acompanhar os principais perseguidores do pentacampeão mundial.

Cá atrás, Miguel Oliveira continuava a luta com Bradley Smith e conseguiria mesmo alcançar pela primeira vez o 18.º lugar a quatro voltas do final, depois da saída de Joan Mir, atrás das Ducati de Karel Abraham e Tito Rabat. Quase no final, depois de uma queda de Jack Miller após toque com Aleix Espargaró, o português chegou ao 17.º posto mas voltou a cair mais um lugar em Jerez de la Frontera após ser ultrapassado por Bradley Smith. Na frente, Marc Márquez venceu e saltou de novo para a liderança do Mundial depois da inesperada queda no GP das Américas que lhe retirou a possibilidade de pontuar, com Alex Rins e Maverick Viñales a fecharem um pódio 100% espanhol na primeira prova do MotoGP na Europa em 2019.