Uma vigília em homenagem às vítimas da repressão militar dos últimos protestos juntou, no domingo, centenas de pessoas na avenida Francisco de Miranda, na zona leste de Caracas, todos a pedirem paz e o fim da violência.

Estava prevista a presença do Presidente interino Juan Guaidó, mas acabou por não aparecer, tendo sido explicado nos altifalantes que pedia desculpas, mas “teve muitas reuniões de trabalho”.

Assim, a iniciativa “Luzes pela Venezuela” acabou por ser praticamente uma missa, com cânticos religiosos e repetidos apelos à paz.

De velas na mão, uns, outros com lanternas, outros telemóveis, todos entoaram as músicas com mensagens de paz, numa comunhão pública, sem discursos políticos, mas com mensagens fortes.

“Não queremos mais mortes, nem mais violência”, dizia, na aparelhagem sonora, o religioso encarregado da celebração, apelando a todos os militares para que façam “o mesmo que os outros, que abandonaram as fileiras”.

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José Fuentes, com uma bandeira tricolor da Venezuela enrolada na cabeça, disse ser muito importante que se continue a ir “para as ruas, a pedir paz, a exigir aos militares que deixem a violência, porque as forças armadas existem para proteger o povo, não é para matá-lo”.

A mensagem ali continua a ser a mesma, acabar com a violência: “A lei de Deus diz não matarás. Ninguém pode ser obrigado a desobedecer a uma lei de Deus, acabem com a violência”, disse o orador do palco da vigília.

Juan Guaidó desencadeou na madrugada da passada terça-feira um golpe de força contra o regime, em que envolveu militares e apelou à adesão popular.

A iniciativa da passada terça-feira constituiu o arranque da denominada “Operação Liberdade”, que, segundo Guaidó, visa pôr termo ao que chama de “usurpação” da presidência por Nicolás Maduro.

A presidência interina de Guaidó é reconhecida por cerca de 50 países, incluindo os Estados Unidos da América, enquanto Maduro, que tem o apoio da Rússia, além de Cuba, Irão, Turquia e alguns outros países, considerou que a “Operação Liberdade” configura uma tentativa de golpe de Estado.

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Nicolás Maduro, que tem sido alvo de forte contestação nas ruas, mas que aparentemente mantém o controlo das instituições, continua a contar, aparentemente, com a lealdade das chefias militares, mantendo o país num impasse.

Os confrontos registados desde a madrugada da passada terça-feira provocaram a morte de cinco manifestantes, três dos quais menores, e 239 ficaram feridos, segundo informações das Nações Unidas.