Marcelo Rebelo de Sousa pegou no telefone e, durante o passado fim de semana, fez questão de ligar aos principais líderes partidários para deixar clara qual a sua posição sobre a recuperação do tempo em que as carreiras dos professores estiveram congeladas. A opinião do Presidente da República aproxima-se da do primeiro-ministro num ponto: é preciso ter em conta a sustentabilidade das contas públicas, antes de avançar com compromissos. A notícia é avançada pela Rádio Renascença.

Esta posição do PR já tinha sido deixada clara quando, no final de abril, em entrevista à RTP, avisou que a decisão que viesse a ser tomada para a contagem de serviço iria ter consequências para o atual Governo ou transformar-se num verdadeiro caderno de encargos para governos futuros.

Segundo avança a Renascença, Marcelo terá mesmo dito a alguns dos líderes com quem conversou que os partidos de direita tinham caído numa armadilha política da qual tinham de sair rapidamente. Foi já depois destas conversas com o Presidente que, no domingo, Assunção Cristas (CDS) e Rui Rio (PSD) fizeram as suas declarações políticas, recuando na posição tomada na quinta-feira na Comissão de Educação, e retomando as suas posições iniciais sobre o assunto.

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Na segunda-feira, foram os partidos de esquerda a anunciar que não irão aprovar as condições exigidas pela direita. Catarina Martins (BE) e Jerónimo de Sousa (PCP) mantém as posições defendidas na quinta-feira passada na Comissão de Educação e não aceitam que a referência à sustentabilidade das contas públicas entre no texto a aprovar no plenário até 15 de maio.

Sem condições para aprovar o texto votado na quinta-feira na especialidade, a crise política resolve-se e a ameaça de demissão de António Costa desaparece do horizonte. Na sexta-feira passada, Marcelo e Costa reuniram-se para a habitual reunião semanal, um dia depois do costume, na sequência da ida do Presidente à China. Foi depois desse encontro que o primeiro-ministro fez uma declaração ao país anunciando que caso as alterações ao decreto lei do governo fossem aprovadas se demitia.

Até à data, Marcelo Rebelo de Sousa não se pronunciou publicamente sobre o assunto.

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