Foi uma daquelas noites em que os astros que iluminam o céu de Liverpool se alinharam para fazer felizes os milhares de adeptos da equipa inglesa que estavam em Anfield e os milhões espalhados pelo mundo. O Liverpool, Jürgen Klopp, Van Dijk e companhia, golearam o Barcelona em casa por 4-0 e anularam a derrota sofrida em Camp Nou na semana passada e que tornava praticamente impossível o apuramento para a final da Liga dos Campeões. Depois da final da temporada passada, em que Salah se lesionou ainda na primeira parte e o guarda-redes Loris Karius foi responsável por dois golos do Real Madrid, os comentadores e especialistas facilmente se apressaram em vaticinar que o azar tinha voltado a bater à porta do Liverpool.

Klopp quer, Salah sonha, o quase impossível nasce: o Liverpool está na final da Liga dos Campeões pelo segundo ano consecutivo

Afinal, Roberto Firmino está lesionado, Naby Keita magoou-se em Barcelona, Salah sofreu uma concussão no passado sábado e Robertson saiu ao intervalo do jogo desta terça-feira por motivos físicos. Tudo parecia correr mal ao Liverpool. Mas foi exatamente ao contrário: os acasos do destino juntaram-se para criar uma noite histórica que dificilmente sairá da memória dos adeptos ingleses (e dos espanhóis). Origi, que só foi titular precisamente porque Firmino e Salah estão lesionados, marcou o primeiro e o último golo, estreou-se a marcar na Liga dos Campeões e não bisava há mais de três anos. Wijnaldum, que entrou para render Robertson, tornou-se o primeiro jogador da história a bisar nas meias-finais da Champions enquanto substituto utilizado. E Alisson, que foi contratado precisamente para fazer frente à debilidade da baliza do Liverpool que ficou exposta na final de Kiev, garantiu a folha limpa uma e outra vez e segurou a vantagem dos ingleses.

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Depois de uma noite histórica, o Liverpool vai jogar a nona final da Liga dos Campeões da sua história e a segunda consecutiva, algo que uma equipa inglesa não conseguia desde que o Manchester United esteve nas finais de 2008 e 2009. Os reds conquistaram o troféu pela última vez em 2005, quando bateram o AC Milan de Rui Costa na final, e desde aí perderam em 2007, na vingança dos italianos, e em 2018 com o Real Madrid. Antes do apito final da meia-final desta terça-feira, Mohamed Salah parecia pronto para invadir o relvado assim que o jogo terminasse e foi o primeiro a correr em direção aos colegas de equipa assim que a qualificação para a final foi confirmada. O avançado egípcio, que foi afastado da final da temporada passada, não esteve presente contra o Barcelona mas usou uma camisola que mostrava em toda a linha qual era a motivação do Liverpool para a eliminatória, mostrou que é influente dentro e fora das quatro linhas e será uma das principais armas de Klopp na final do Wanda Metropolitano.

Já depois do final do jogo, os milhares de adeptos do Liverpool não saíram das bancadas de Anfield até o último elemento da equipa seguir para o balneário e protagonizaram momentos que mostram o que de melhor há no futebol. Depois da emoção desmedida e das palmas quase ensurdecedoras, o estádio dos reds parou no tempo para entoar “You’ll Never Walk Alone”, enquanto jogadores e equipa técnica cantavam, abraçados e em lágrimas, em conjunto com os adeptos. O cântico deu lugar a “Imagine”, de John Lennon, um dos fab four de Liverpool, enquanto alguns jogadores realizavam, visivelmente emocionados, uma espécie de volta olímpica pelo relvado.

Jürgen Klopp, que chega desta forma à terceira final da Liga dos Campeões da carreira (perdeu ao leme do Borussia Dortmund em 2013 e com o Liverpool em 2018), vai tentar conquistar a principal competição europeia de clubes e entrar para a história do clube inglês. “Há uma coisa que toda a gente em Anfield sabe, incluindo os nossos adversários. Este Liverpool nunca pára. Este Liverpool nunca desiste. Esteve Liverpool dá tudo o que tem em todas as ocasiões”, disse o treinador alemão já depois do apito final. Na derradeiro jogo europeu da temporada, em Madrid, os ingleses vão encontrar Ajax ou Tottenham: resta saber se um deles vai conseguir parar o Liverpool de Klopp.