O professor de história Rui Correia, da Escola Básica de Santo Onofre, nas Caldas da Rainha, foi o vencedor do Global Teacher Prize Portugal 2019  — edição portuguesa do prémio que é considerado o “Nobel” da educação e que premeia as boas práticas de ensino dos docentes. O nome do galardoado foi anunciado nesta segunda-feira numa cerimónia que decorreu no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, e que foi apresentada pelo humorista Ricardo Araújo Pereira.

O docente, que se candidatou com um projeto para captar a atenção dos alunos para a matéria lecionada através de métodos interativos, vai receber 30 mil euros e vai poder concorrer à próxima edição mundial do prémio, que em 2019 foi concedido ao frade franciscano e professor de ciências Peter Tabichi, que ensina numa escola na aldeia de Pwani, no Quénia rural. Tabichi ficou conhecido por doar 80% do seu ordenado para contribuir para o desenvolvimento da sua comunidade local, onde 95% dos estudantes vivem em situação de pobreza.

Ao “Global Teacher Prize Portugal” deste ano candidataram-se 200 professores, de entre os quais um júri, que tem como presidente honorário o ex-ministro da Justiça Álvaro Laborinho Lúcio, elegeu 10 finalistas. Em Portugal, o prémio, atribuído anualmente e que tem como parceiro principal a Fundação Galp, visa realçar “a importância do papel dos professores no desenvolvimento da educação e do país”, assim como “partilhar boas práticas” e “promover um debate construtivo sobre o futuro da educação”.

Teacher Global Prize. O melhor professor do mundo é queniano e doa 80% do seu ordenado

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Segundo o Diário de Notícias, no discurso que fez quando recebeu o prémio, Rui Correia sublinhou a “honra” e o “grande prestígio” que significou receber o prémio. “Quero dedicar aos meus alunos. Obviamente que são os responsáveis por eu estar aqui. É uma honra e um grande prestígio”, disse. “Nós não somos os melhores professores do país, somos alguns dos melhores. E não precisamos de sair das nossas escolas para os ver”, acrescentou, citado pelo DN.

Rui Correia destacou depois em declarações à imprensa que o seu projeto “envolve muito a ideia de que ninguém aprende sem estar amavelmente comprometido com o ato de aprender”. “Eu tenho um grande adversário, que é o aluno que sente que não tem de saber coisas. E o querer saber, para mim, é um ponto essencial”, acrescentou ainda o professor considerado o melhor do país.

Para que as aulas tenham sucesso, o mais importante é garantir que os alunos têm vontade de aprender, garantiu. Para isso, o professor experimenta mecanismos para tentar inovar dentro da sala de aula, tentando que os “ciclos de atenção” sejam “constantemente reativados”. Rui Correia explicou um dos mecanismos: “Dou 15 minutos de aula, por exemplo, e eles tê de me dizer o que acharam mais interessantes daqueles minutos. E o resultado prático daquilo é que aquilo que m não ouviu, o outro ouviu e nós começamos ali a montar um puzzle que faz com que todos estejam a participar”.

Com os 30 mil euros que recebeu Rui Correia deverá agora investir num projeto educativo seguindo os seus métodos.