O Grupo de Intervenção e Segurança Prisional (GISP) da Guarda Prisional foi chamado a intervir no Estabelecimento Prisional de Setúbal, esta terça-feira, depois de vários reclusos se terem manifestado contra o aumento de preços dos produtos da cantina. Ao que o Observador apurou, a intervenção foi pedida pela própria diretora da prisão, Ana Paula Felicíssimo Ramos.

A tensão começou a escalar na semana passada, quando os reclusos da cadeia “subscreveram um abaixo assinado contra o reajuste de preços dos produtos da cantina“, esclareceu fonte da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) ao Observador. A mesma fonte confirmou ainda que, de facto, houve um “reajuste nos preços”, mas que houve também “outros [produtos] cujo preço baixa”.

A direção do Estabelecimento Prisional esclareceu ontem os reclusos de que este reajuste nos preços resulta de concurso para a aquisição de  produtos e que há produtos em que o preço sobe, mas também há outros cujo preço baixa“, disse ainda a DGRSP em resposta ao Observador.

Esta terça-feira, motivados pela ausência de respostas ao abaixo assinado, “a maioria” dos reclusos da prisão de Setúbal “recusou receber a refeição do almoço”. Segundo explicou a DGRSP, este protesto “atrasou, em cerca de 15 minutos, o encerramento geral“, adiantando ainda que a refeição do jantar de terça-feira e do pequeno-almoço já desta quarta-feira decorreu “com a normalidade habitual”.

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O GISP é o grupo de operações especiais do Corpo da Guarda Prisional (Foto: Paulo Jorge Magalhães/Global Imagens)

Os Serviços Prisionais não confirmaram que o GISP tenha sido chamado, respondendo à pergunta do Observador de forma vaga: “Revela-se que se não registou qualquer alteração à ordem, nem houve necessidade de utilização de meios coercivos“. No entanto, o Observador contactou mais do que uma fonte que confirmou que o GISP foi chamado à prisão, tendo estado no local ao longo de toda a tarde — incluindo o próprio diretor de Serviços de Segurança, o intendente da PSP Manuel Gonçalves.

A situação não se agravou e não foi necessário usar a força para travar o protesto dos reclusos, que acabaram por voltar às celas no encerramento, por volta das 19h00. Uma fonte ligada ao Corpo da Guarda Prisional lamentou, em declarações ao Observador, que a situação não tenha sido evitada uma vez que a diretora da prisão foi avisada da existência do abaixo assinado (e das intenções de realizar-se um protesto), desde a sexta-feiraum facto que viria a negar, num discurso de agradecimento dirigido aos guardas depois de resolvida a situação. “Fui apanhada despercebida”, terá dito.

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