Apesar de a posição do PCP “fechar a porta à luta legal” pela reposição integral do tempo congelado dos professores, Mário Nogueira não vai deixar de ser “militante de base” do partido, disse o sindicalista ao Observador.

A notícia nesse sentido foi avançada na edição desta quarta-feira do jornal Público mas o aguerrido líder da Federação Nacional de Professores (Fenprof) garante que o futuro está em aberto não em relação ao PCP, mas sim ao sindicato que dirige desde 2007. “O congresso da Fenprof é daqui a um mês e eu não sei se pretendo continuar como presidente, sinto-me muito cansado”.

Quanto ao PCP a sua posição, diz, é muito clara: “Sou militante de base e enquanto o partido me permitir poder discordar em questões de fundo, como foi, por exemplo, o caso da eutanásia, e manter a minha liberdade de opinião, não sairei do partido”.

O responsável pelo maior sindicato dos professores, afeto à CGTP, preferia que a postura do PCP tivesse sido outra: “Às vezes temos de engolir coisas de que não gostamos em defesa de outras essenciais, como é a contagem total do tempo dos professores”.

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O sindicalista apelara ao Bloco de Esquerda e ao PCP para ajudarem os professores nesta luta. Na segunda-feira, depois de conhecidos os recuos do PSD e o CDS nesta questão, Mário Nogueira pediu aos dois partidos para se absterem na votação das propostas dos partidos de direita: a que a contagem do tempo de serviço fosse feita de acordo com o quadro económico do país. Seria a vitória possível. O “melhor que nada”.

Nem um nem outro o ouviram. O seu partido também vai inviabilizar qualquer hipótese de o tempo dos professores congelado ser totalmente considerado na votação do diploma nesta sexta-feira na Assembleia da República. Aliás, Mário Nogueira disse mesmo que só soube qual o sentido de voto dos dois partidos através da comunicação social.

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Perante este cenário, o Público perguntou-lhe na terça-feira à tarde se ponderava sair do PCP. A resposta não foi perentória, mas deixava aberta essa possibilidade: “Quando se aceita estar numa vida mais pública, consegue-se muitas vezes viver com os insultos e ataques que muitas vezes vêm de onde já se espera. Não é isso que mata. O que mói é quando vêm de pessoas mais próximas, como o meu camarada Carlos Carvalhas, e isso põe-nos a pensar sobre o futuro”.

Mário Nogueira referia-se às declarações do antigo secretário-geral do PCP na terça-feira à tarde à TSF, que, segundo disse ao Observador, não ouviu e que lhe teriam sido transmitidas pelo Público. Carlos Carvalhas comentou só entender o apelo direto feito ao BE e ao PCP  “pelo desespero”, dizendo mesmo que “a certa altura, as pessoas agarram-se a qualquer coisa”.

(artigo atualizado às 13h09 com as declarações de Mário Nogueira ao Observador)